CRÍTICA: CONSTANTINE / Só com muita água benta
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CRÍTICA: CONSTANTINE / Só com muita água benta


Minha mãe desistiu de ver “Constantine” quando descobriu que não era uma biografia histórica à la “Alexandre”. Mas eu fui e confesso que dormi em vários pontos. Acho que mesmo assim entendi a maior parte da trama, então vamos lá: o Cons, que se parece muitíssimo com o Neo de “Matrix”, desde criancinha olha pra velhinhas e vê nelas demônios disfarçados. Ou seja, não é o tipo que a gente gostaria de ter como amigo. Sua linha de trabalho envolve exorcizar moças e despachar os maus espíritos de volta ao inferno. Quanto à primeira parte, quero revelar que o Keanu Reeves pode me exorcizar quando quiser. Ponho-me à disposição. Ele é tão fofinho que seu personagem nem parece alguém morrendo de câncer de pulmão.

Além de trazer mensagens inéditas como “fumar faz mal à saúde”, o filme também segue à risca a moral católica. Assim: quem cometer suicídio vai pro inferno, quem levar uma vida pecaminosa vai pro inferno. Ir pro inferno tá ficando parecido com comer: tudo que é gostoso é condenável. Há mais temas em “Cons” (tem até uma anja Gabriel), mas, como disse, meus cochilos me fizeram perder qualquer idéia mais profunda. Por exemplo, escapei da cadeira elétrica. E não entendi nada sobre o mexicano. Tem um mexicano que descobre uma lança do destino que dá poder ilimitado a quem a possui (e eu sempre pensei que fosse um anel). O carinha encontra a lança e imediatamente é atropelado por um carro no meio do deserto. Tudo bem que é o carro, e não ele, super poderoso, que morre, mas convenhamos: ser atropelado não é legal em nenhuma circunstância. Depois ele caminha por uma estrada cheia de búfalos e eles vão caindo quando ele passa. Será que ele cheira mal? (Ahn, não tenho certeza que eram búfalos. Podia ser um pesadelo). Também não compreendi bulhufas da cena em que um padre gordo invade uma mercearia e tenta desesperadamente tragar uns goles de álcool. É pra se livrar dos males que o atormentam? Isso quer dizer que a gente deveria levar pinga pro cinema pra beber durante “Cons”?

Bom, ao menos o filme dá dicas de como descer aos quintos dos infernos. Uma técnica é se afogar numa banheira (vale lembrar que você perde a banheira). Outra é colocar os pés numa bacia com água e segurar um gato. Claro que, dependendo da vontade do gato, isso pode ser mais traumático que o método banheirístico. De qualquer modo, não acho bom tentar isso em casa. Mas por que diabos alguém gostaria de visitar um lugar que se parece tanto com Los Angeles?

Ai, ai, não quero nem pensar nas hordas de fãs de HQ que vão me mandar ler “Hellblazer”.... Pois é, sei que o filme é baseado nessa historinha (desculpe o diminutivo). E sei que o personagem principal foi inspirado no Sting, e que o Keanu não é exatamente a imagem cuspida e escarrada do Sting, então os fãs devem estar revoltados. Fiquem revoltados com a Warner, não comigo! Eu só achei o FILME infernal. E é verdade que não faço parte do culto “ó sagrado gibi!”, mas, por favor, não me enviem mensagens explicando a trajetória do Cons. E vejam o lado positivo: o personagem era pra ser interpretado pelo Nicolas Cage. Keanu! Keanu!

Pra quem leu o parágrafo anterior e tá pensando, “Lolinha, esqueça o gibi. Fale do filme”, e também pra quem tá constatando a total inutilidade deste texto, um aviso aos navegantes. Não deixem a sessão antes do final, final mesmo, porque há uma cena que mais ou menos diz, em letras garrafais, “Preparem-se pra seqüência, otários!” (talvez com outras palavras). Eu pensei: “Pô, agüentei duas horas dessa droga, posso aturar os créditos”. E, depois de ver a cena extra, exclamei: “Ah bom! Isso sim me dá uma nova perspectiva sobre o filme!”. Vamos ser francos: salvação mesmo, ao assistir “Cons”, só se os sensores anti-incêndio do cinema jogassem água benta sobre nós.





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