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CRÍTICA: O OBSERVADOR / Nada melhor numa sexta-feira 13
Peço desculpas aos meus três fiéis leitores. Bem que gostaria de resenhar "Traffic", ou "Quase Famosos", ou até mesmo "Prova de Vida", mas estes não passam onde moro. Parece que vivo em, sei lá, Trombudo Central – com todo respeito – ou em qualquer outro vilarejo onde os cinemas foram trocados por templos. Nem aparento morar na maior cidade de SC, Joinville (ville, ville). Sem querer desmerecer Jaraguá, gostaria de entender por que todos os filmes passam lá antes de chegar aqui. Neste final de semana, portanto, tive de optar entre "O Corpo" e "O Observador". Não sei nada a respeito de nenhum dos dois, mas descobri que "O Corpo", apesar de ser com o Antonio Banderas, não era sobre a anatomia dele, então fui assistir ao "Observador".
"Ob" traz outro galã, desta vez interpretando um vilão. É o Keanu Reeves com um cabelo bizarro, se bem que ele não é o protagonista. Esta honra cabe ao James Spader, que faz um policial atormentado à caça de um serial killer, o Keanu. Tirando o começo e o final, o filminho é interessante. Mas não deixa de ser isso, um filminho, e você terá que forçar a memória para se recordar que o viu.Como se confere pelo resumo, a história traz uma certa conotação homossexual. O assassino é obcecado pelo seu carrasco, e no fim lhe faz uma declaração de amor. É sempre delicioso ver um ator virar astro pra poder fazer os papéis que desejar, sem se preocupar com o que o público vai pensar dele. Em "Garotos de Programa", rolaram altas fofocas de que o Keanu e o extraordinário River Phoenix estariam apaixonados na vida real. Porém, depois de "Velocidade Máxima" e "Matrix", Keanu não precisa mais dar satisfação à ninguém. Não sou uma enorme fã dele, mas, como diziam antigamente, não o chutaria pra fora da minha cama. Acho que ele aceitou integrar "Ob" por amizade ao diretor. Não me pergunte quem é.
"Ob" traz também o James Spader, um bom ator que até agora não descobriu seu lugar ao sol. Gostei dele em "sexo, mentiras e videotape" (tudo com minúscula, até parece coisa da Ana Maria sem pingo no i Braga), e o perdôo por "Crash – Estranhos Prazeres", onde ele fazia um morto-vivo, até prova em contrário. Mas pode apostar que uma película estrelada por ele não vai abalar a bilheteria. E a prova definitiva que este é um filminho é a presença da Marisa Tomei.
"Ob" tem seus momentos, como na "homenagem" – repare nas aspas – às perseguições de carro de "Operação França"; e na idéia do assassino enviar a foto da futura vítima à polícia e dar-lhe um prazo para salvá-la. Descrevendo assim, é puro lugar-comum, mas funciona.
Agora, eu quero saber por que todo filme sobre serial killer (uma invenção americana, suponho) começa com fotografia saturada. Essas tramas são basicamente iguais. Tenho a impressão que, se o FBI me chamasse, estaria prontinha pra elucidar qualquer caso, tamanho o número de filmes que já vi sobre o assunto. Vendo "Ob", constatei alguns clichês: 1) Helicóptero só serve pra explodir. Às vezes há variações sobre o tema, como ele se chocar contra um túnel para, em seguida, explodir. Em "Ob", eles não explodem, mas também não fazem nada. O propósito de inclui-los foi "Viram? Pensaram que este thriller custou 10 pilas? Pois saibam que só o aluguel dos helicópteros passou dos 10 mil". 2) Vamos chamar esta banalidade de "departamento dos animais perdidos". Em "Ob", um gato aparece e desaparece com impressionante rapidez. O pessoal gosta de colocar bichos pra dar um toque de realidade, mas some com eles no meio. Geralmente, eles voltam no final, sem nenhuma explicação. 3) Não importa quantos policiais haja na redondeza; quem vai caçar o bandidão é sempre o mocinho. Nosso herói atira muito bem e acerta os alvos de primeira, mas, milagrosamente, erra quando deve acertar o malvado. E por aí vai, você conhece melhor do que eu.
Podia ser pior. Era sexta-feira 13 e eu, por azar, poderia ter entrado na sessão de "Drácula 2000". Melhor um Keanu na mão do que dois Jonny Lee Miller’s (quem?) voando...
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