CRÍTICA: UM GRANDE GAROTO / Ordem de grandeza
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CRÍTICA: UM GRANDE GAROTO / Ordem de grandeza


Tomara que "Um Grande Garoto" fique mais de uma semana em cartaz e que tenha fôlego pra cair na propaganda boca a boca. Imagino que as poucas pessoas que vejam esta comédia gostem e a indiquem para seus amigos. Noutros tempos, este filme com sotaque britânico seria forte candidato a cult. Mas vivemos na época do vapt-vupt, quando uma produção deve se pagar num único final de semana. Pena. "GG" é uma enorme diversão, dessas que a gente ri alto quase sem parar.

Mas é também uma história pra cima, que faz com que saiamos alegrinhos do cinema. É baseada no livro de Nick Hornby que não li, que antes já havia escrito o ponto de partida para o supervalorizado e bastante medíocre "Alta Fidelidade", e dirigida pelos realizadores de, cof cof, "American Pie". Portanto, quem em sã consciência poderia apostar nas credenciais de "GG"? É lógico que, sendo a crítica séria que sou, não estou elogiando o filme apenas porque o Hugh Lindo! Lindo! Lindo! Grant é seu ator principal. Nem me ligo a esses detalhes fúteis. Ó Céus, estou apaixonada pelo Hugh. É seu melhor papel desde "Quatro Casamentos e Um Funeral". E digo mais: ele merece ser indicado ao Oscar. Do jeito que a película vem sendo aclamada, é bem provável que isso ocorra. Pode anotar no seu caderninho que "GG" será o azarão das nomeações da Academia.

Não dá pra dizer que o Hugh carrega o filme nas costas, já que todo o elenco está impecável. Mas ele é a alma de "GG", e é impossível conceber a trama com um outro ator. Ele faz um sujeito de 38 anos que, por viver dos dividendos de uma só música natalina composta pelo seu pai, nunca precisou trabalhar e nunca teve uma namorada por mais de dois meses. Ou seja, um cara que não faz nada, num país que paga direitos autorais. Um crápula total, tão cafajeste que inventa um filhinho para seduzir mães solteiras, que ele pode usar e mandar passear sem sentir remorso. Tão desprezível que vira voluntário da Anistia Internacional para azarar moças pelo telefone e, ao rever um ex-colega, pergunta: "E aí, como vai a situação em Burma?". O outro narrador de "GG" é um menino que mora com a mãe suicida, cantarola melodias sem notar, e, conseqüentemente, apanha dos colegas na escola. Meio sem querer, Hugh e o guri se tornarão amigos. Mas não será uma amizade sem rusgas. Às vezes, Hugh é cruel com ele. E ele acusa Hugh de ser um panaca que assiste TV e compra coisas. Adivinha quem é a parte madura da relação?

Fiquei com a impressão que o maridão se identificou com o personagem do Hugh. De fato, se minha alma gêmea não fosse pobre e não tivesse uma mulher que lhe ordenasse o tempo inteiro "Vai trabalhar, vagabundo!", seria idêntico. E não é incrível que a gente se deixe encantar pelo mau caráter do Hugh? Eu espumaria de raiva por uma perua que passa o dia todo no cabeleireiro ou vendo programas cretinos na TV. Mas, por algum motivo, no Hugh esse tipo cai bem.

Há umas similaridades entre "GG" e "O Sexto Sentido". Primeiro, o ótimo ator mirim Nicholas Hoult menciona o Haley Joel Osment. A mãe dele é interpretada pela mesmíssima Toni Collette. E os diretores ainda inseriram uma cena de trinco pra nos lembrar do clima de estranheza que une os dois filmes. A qualquer momento, ao menos no comecinho, eu achava que o Nicholas iria ver dead people. Mas tudo bem, talvez a semelhança maior se dê com "Billy Elliot". Não sei direito por que. Provavelmente por "GG" ser britânico e contar com um moleque como seu protagonista, mas sobretudo por ambos serem os típicos "feel good movies". Mesmo que "GG" cometa o pecado de rotular cantar "Killing Me Softly" em público como suicídio social. Chuif. E eu que adorava essa canção dos anos 70 antes de ver o filme. Magoei.

Então, recapitulando, "GG" é tão cheio de graça e tenro que eu perdôo o final previsível. E, Hugh, se você ainda estiver à procura de mães solteiras para namorar, conte comigo. Só me dê nove meses pra resolver a questão. Bem, talvez nove meses e alguns dias, sabe como é, pra dispensar o maridão.





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