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CRÍTICA: V DE VINGANÇA / P de panfletário
Puxa vida, é o que posso dizer após ver “V de Vingança”. Junto com “O Dia Depois de Amanhã”, “V” deve ser o arrasa-quarteirão mais crítico que eu me lembro. Só pra resumir o tom subversivo: o herói é um terrorista. O filme reclama de um governo que utiliza um vírus mortal contra seus próprios cidadãos. O Alcorão é um livro proibido. O governante máximo manda os direitos humanos às favas sob o pretexto de combater a barbárie. Uma lésbica pergunta, “Por que eles nos odeiam tanto?”. Ah, e tem também um padre pedófilo. Preciso falar mais alguma coisa? É impressionante esse pacote tão ferrenhamente anti-Bush num filme comercial com origem nos quadrinhos. Mas fica menos impressionante quando a gente pensa que “V” é obra dos irmãos Washowski. Se alguém tem dúvida sobre o caráter subversivo do primeiro e único grande “Matrix”, basta prestar atenção na música do final, que conclama para atos de ódio contra o sistema. Bom, nem foram os irmãos W que dirigiram “V”, mas o roteiro e a produção é deles. Tá certo que a história em quadrinhos (perdão, graphic novel) foi escrita nos anos 80, e que os Washowski a adaptaram pras telas quando Bush Pai ainda dominava o planeta, muito antes dos aviões derrubarem as Torres Gêmeas. Mas não tem jeito, tudinho na trama cai como uma luva pra atacar o Bush Filho. Tem até um momento em que o governo lança uma epidemia de pânico pra alienar a população (a gripe aviária entra na jogada). Michael Moore deve estar orgulhoso.
V, o superherói do negócio, usa uma máscara baseada num sujeito que tentou explodir o parlamento inglês no século XVII. O carinha foi preso e condenado à morte, e sua trajetória virou um hino pra reforçar o Império Britânico (isso tudo é real). Só que como a gente julga esse sujeito depende do ponto de vista, né? Ele foi um terrorista ou um revolucionário? Por exemplo, quem derruba governos que os EUA não gostam é sempre visto como revolucionário. Tem até um termo pra isso, freedom fighter. Ou seja, a pessoa que luta de acordo com os interesses americanos luta pela liberdade. No entanto, acho razoável adivinhar que a CIA não considera o Osama um freedom fighter.
Já o V declara que “dá pra mudar o mundo explodindo um prédio”. A trama se passa mais ou menos em 2020, após os EUA começarem uma guerra que arrasa o globo. O John Hurt faz uma espécie de Grande Irmão, e isso é interessante porque ele esteve em “1984”. A Natalie Portman é a mocinha que V acolhe. Aliás, não sei se vai ter seqüência, mas espero que não, porque terei dificuldade em engolir alguém tão frágil e esquelética como a Natalie virando superheroína. E a gente podia viver sem ouvir uma moça que acabou de ser violentamente torturada perguntando, “Foi você que cortou meu cabelo?”. Mas a verdade é que a interpretação da Natalie cresce na sua versão Joana D’Arc/Anne Frank. E o V? Dizem que é o Hugo Weaver (agora famoso por toda a eternidade como o agente Smith de “Matrix”) por trás da máscara, mas podia ser qualquer um.
Adorei as cenas com o discurso lotado de aliterações em “v” e com as centenas de dominós. Apesar de ser pelo menos meia hora mais longo que deveria, o filme tem ritmo. Mas pra mim ficou bem claro que construíram todo um espetáculo caríssimo pra passar uma mensagem. Por isso, gostar ou não de “V” depende de onde você se situa no espectro político. É um produto incendiário contra a direita. Não sei se tem a força pra nos fazer levantar da cadeira, colocar máscaras bonitinhas e sair por aí explodindo troços, mas dá a maior vontade de fazer aquilo com os dominós. Eu posso imaginar tranquilamente a direita cristã planejando ataques terroristas, digo, atentados pela liberdade, contra as salas que exibem o filme.
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