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ERA PÉSSIMO SER MULHER NA ÉPOCA DE MAD MEN
Nunca fomos tão felizes
Uma amiga me insistiu pra ver Mad Men. Não foi a primeira a me recomendar a série. Na realidade eu já tinha assistido pedaços de alguns episódios quando morei nos EUA, pelo menos quando a gente via TV, que foi no segundo semestre de 2007. Mas a série não me impressionou o suficiente, apesar do assunto muito me interessar. Afinal, eu já fui publicitária em outra encarnação! Estou agora indo pro final da segunda temporada e gostando, não adorando. Pretendo ver as outras cinco temporadas pra ver como os personagens mudam. A princípio, o que impressiona todo mundo é como o pessoal fumava adoidado! Mas o que fica na minha mente o tempo inteiro é: putz, que época péssima pra ser mulher! (Ok, os dias de hoje ainda estão longe do ideal, mas melhorou bastante, vai. E, claro: que época péssima pra ter sido negro e gay. Mas esse não parece ser o foco da série). Sim, estamos falando do final dos anos 50, início dos 60, pré-revolução sexual, pré-luta feminista. Li que essa onda das séries retratarem o início dos anos 60 é uma tentativa sexista de mostrar como era bacana quando as mulheres conheciam o seu lugar na sociedade. De fato, há vários programas de TV falando dessa época -– além de Mad Men, PanAm (mostrando comissárias de bordo quando elas ainda eram aeromoças e tinham que se aposentar quando chegavam aos 30 anos, ou engordassem) e The Playboy Club. Eu só vi o piloto dessas duas e achei muito fraquinhos, e realmente me pareceu uma visão nostálgica dos “bons tempos” (pra quem, né?).Mas Mad Men não. Não digo nem de longe que MM é feminista, porque seu protagonista, Don Draper, com o qual somos incentivados a nos identificar (e fiquei de cara quando o maridão, que não tem absolutamente nada [além da beleza física] a ver com Don, disse que simpatizava com ele), certamente não é feminista. E alguns episódios não oferecem crítica nenhuma ao sistema. Mas outros... Achei totalmente feminista um episódio da primeira temporada que fala de um produto que serve como vibrador. A série comprova tudo que Betty Friedan apontou no clássico feminista A Mística Feminina, publicado em 1963. Que os anos 50 foram um tempo de backlash total, de fazer as mulheres (de classe média) voltarem do trabalho (porque tiveram que trabalhar durante a Segunda Guerra) para o ambiente doméstico. E que as mulheres não estavam nada felizes com seu papel de donas de casa. Foi uma época em que o trabalho das mulheres não era levado a sério. Pela primeira e única vez no século 20, nos EUA, o número de mulheres na universidade (que vinha crescendo a cada década) diminuiu. Pra que estudar, se o correto a se fazer era casar e ter filhos? Então tinha universidade que oferecia curso de culinária e etiqueta. Trabalhar, só como secretária, e só até arranjar marido. Mad Men mostra o que acontecia: a mulher no ambiente de trabalho era avaliada apenas por sua aparência. Casos como os de Peggy, secretária que vira redatora, eram raríssimos (e a gente vê como Peggy tem que batalhar pra provar seu valor). A vida de Betty, mulher de Don, era o padrão: entediada, deprimida, exausta, quase sem contato com o mundo exterior, com dois filhos perfeitos e um marido lindo e rico que a trai a torto e a direito. Sua vida parece um conto de fadas pra todo mundo, menos pra ela.Isso está muito bem representado em filmes como Foi Apenas um Sonho e Longe do Paraíso. Voltarei a falar sobre a série, prometo. Mas gostaria de recomendá-la a todos e todas que vivem dizendo que o feminismo estragou as mulheres, que antes sim é que a vida era boa e as mulheres eram felizes, podendo ficar em casa fazendo tortas. Ahã. É, a mulherada de Mad Men parece felicíssima mesmo. E, pra ser franca, nem os homens sorriem muito.
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