Paul Schrader, que depois se tornaria diretor de A Marca da Pantera, era apenas um roteirista louco nos anos 70. Filho de pais fanáticos religiosos (calvinistas holandeses), que encaravam televisão, cinema e rock'n'roll como tentações do diabo, Schrader teve uma infância pavorosa, quando era espancado diariamente. Então, não era de estranhar que ele viraria um sadomasoquista com fixação por armas e suicídio. Por exemplo, ele dormia com uma arma lotada na boca, como se fosse uma chupeta. Quando Schrader e seu irmão, também escritor, fizeram sucesso pela primeira vez, vendendo o roteiro de Operação Yakuza, ainda recebiam cartas da mãe semanalmente. Nelas sempre vinham sermões e uma mensagem: "Seu pai e eu sentiremos sua falta no Céu". Schrader, pois, escreveu Taxi Driver, bastante autobiográfico, cheio de demônios na cabeça. Na estréia, dormiu demais. A produtora do filme encontrou um amigo, também produtor, saindo de uma sessão. Ela viu que ele não havia gostado, apesar de não querer confessar. Cinco anos mais tarde, em 1981, pouco depois de John Hinckley, aparentemente influenciado por Taxi Driver, atirar no presidente Reagan, a produtora viu o amigo de novo. Sorrindo, ela comentou: "Viu? Até que o filme não era tão ruim". Ao que o colega retrucou: "Se fosse bom mesmo, ele teria matado Reagan".
Para Carrie e Guerra nas Estrelas, Brian De Palma e George Lucas escolheram o elenco em testes conjuntos. Lucas mesmo admitiu que seu filme tinha como público-alvo crianças de 8 a 12 anos. O diálogo no roteiro era tão ridículo que levou Harrison Ford, que interpretava Hans Solo, a comentar: “George, você pode datilografar essas falas tenebrosas, mas com certeza não pode dizê-las”.
Lucas nunca foi muito bom na direção de atores. Suas instruções se resumiam a duas: "Ok, a mesma coisa, só que melhor" e "mais rápido, mais intenso". Ao assistirem a uma primeira versão do filme, os amigos de Lucas tiveram reações adversas. Enquanto De Palma o massacrava sem dó, Spielberg dizia, "George, está ótimo. Vai faturar US$ 100 milhões". Naquela época, quase nada fazia tanto dinheiro. Spielberg, com seu Contatos Imediatos do Terceiro Grau e Lucas apostaram para ver quem ganharia mais. Lucas venceu. Guerra nas Estrelas custou apenas US$ 9,5 milhões e faturou dez vezes mais, só contando o lançamento nos EUA. Antes do filme indicar qualquer chance de sucesso, Lucas negociou feito um mestre com o estúdio, o que lhe garantiu grandes fortunas posteriormente. Por exemplo, ele pediu o direito ao merchandising e ao patenteamento de produtos, e o estúdio cedeu rapidamente, pois ninguém ganhava dinheiro com isso antes mesmo. Porém, só em merchandising de produtos (bonequinhos, adesivos etc), a trilogia Guerra nas Estrelas, contando com o relançamento em 1997, faturou US$ 3 bilhões. Tudo direto para os bolsos de Lucas.
E por falar em Contatos Imediatos do Terceiro Grau, Spielberg teve o prazer de dirigir Truffaut, o realizador de Jules e Jim, Uma Mulher para Dois, uma espécie de ídolo para toda uma geração de alunos de faculdades de cinema. Truffaut gostava de Spielberg, apesar de desprezar seus gostos: o diretor francês favorito de Spielberg era o meloso Claude Lelouch, de Um Homem, Uma Mulher. Mas Truffaut divertiu-se na sua experiência como ator. Um dia, durante uma discussão acalorada entre Spielberg e seu diretor de fotografia em Contatos, Vilmos Zsigmond, este último apontou para Truffaut e berrou: "Por que você não entrega o filme para um diretor de verdade?".
No final dos anos 70, a cocaína realmente tinha tomado conta de Hollywood. A droga era tão freqüente que o pessoal andava com um colar de ouro feito de minúsculas colheres, próprias para o consumo. Parece que os garçons recebiam uma carreira de cocaína como gorjeta. Paul Schrader, para citar um caso, estava cheirando 28 gramas por semana, o que lhe custava US$ 12 mil por mês. Dennis Hopper, que hoje em dia é conhecido como o vilão de várias produções, de Veludo Azul a Velocidade Máxima, havia se consagrado em 1969 ao dirigir Sem Destino (Easy Rider). Uma década depois, ele estava na pior. Entrava e saía de programas de reabilitação, e nada funcionava. Ele então decidiu que era essencialmente um alcoólotra, e parou de beber, mas continuou usando drogas. Ele ia às reuniões do AA com cocaína no bolso. Às vezes ficava tão confuso que chegava nos bate-papos dos Narcóticos Anônimos, olhava em volta e anunciava: "Sou um alcoólatra".
William Friedkin, diretor que até ganhou um Oscar por Operação França e alcançou enorme êxito com O Exorcista, era um crápula. Tratava mal às mulheres e brigava com todo mundo. Após três fracassos consecutivos, aos 46 anos, teve um ataque cardíaco enquanto estava dirigindo. A piada que corria era que ele não conseguia ninguém para chamar uma ambulância. Depois, gostava de contar que esteve clinicamente morto durante doze segundos. Ao se recuperar, Friedkin não passou a se dedicar a trabalhos missionários, como acontece em filmes hollywoodianos. Nas suas palavras: "Sei que sou um cafajeste detestável, um sacana, mas estou no meio de um plano de cinco anos para me tornar um cara legal". Cinco anos depois, nada mudou, é claro. Mais tarde, ele comentaria: "Gostaria de poder dizer que o ataque cardíaco me fez uma pessoa melhor, mas não é verdade".