GUEST POST: "FICA CALADINHA", UM HINO À CULTURA DO ESTUPRO
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GUEST POST: "FICA CALADINHA", UM HINO À CULTURA DO ESTUPRO


A Flávia me enviou este relato:

Sou estudante e tenho 17 anos. Fui à festa de formatura de um colégio particular. Minha irmã era uma das formandas. Lá tocaram a música "Fica Caladinha", de uma banda chamada Bonde do Tigrão. De todas as pessoas que estavam ao nosso redor na pista de dança, só nós duas nos incomodamos com a letra. A maior parte dos que estavam lá sabiam até a coreografia, na verdade.
A letra dessa música é tão absurda que me chocou. Por isso, montei esse texto, com depoimentos de vítimas de agressão sexual (tirados de vários sites, com os links abaixo), como forma de protesto à cultura do estupro presente na música. 
Mãos para o alto novinha 
“Senti muito medo, nunca senti tanto medo na vida. Eu tentava sair de baixo dele de todas as formas, tentava dar joelhada, mas ele era muito pesado, minhas pernas estavam presas. Eu estava toda presa. Já chorava. Ele disse inúmeras vezes: tu não vai sair daqui, tu não vai sair daqui!".
Porque hoje tu tá presa
"Eu chorava, eu apanhava, eu tentava gritar. Ele me batia muito. (…) Eu já me perguntei isso, por que eu não tive força pra reagir. Eu estava presa naquilo ali".
Mãos para o alto novinha! 
Por quê?
“Meu colega, sobre mim, na minha cama, me segurando pelo pescoço e me asfixiando. Me lembrei da luta para escapar daí e de como a cada tentativa de sair dessa relação sexual não consensual -– e com preservativo –-, ele me batia mais.”
Porque hoje tu tá presa
E agora eu vou falar dos seus direitos.
“Ele [professor do jardim de infância] me levou ao escritório dele por 'mau comportamento'. Ele me sentou na mesa dele (…) e... me machucou.”
Tu tem o direito de sentar.
De quicar, de rebolar.
“Ela me levou junto com minhas primas até onde eles moravam, e novamente fui abusada. Eles abusavam e eu deixava, calada”.
Você também tem o direito de ficar caladinha.
“Pedia que eu guardasse segredo. (…) Em uma das noites malditas, esse pervertido foi mais além: introduziu seu pênis em meu ânus, aumentando mais ainda minha repulsa, minha revolta e o nojo que sentia de mim mesma (…) ele só respondia: 'Cala boca, não fale isso, eles vão descobrir'.”
Fica caladinha.
“O medo e a vergonha me calaram”.
Fica, fica caladinha
"Shhhh...”. "Eu tinha dois anos.”
Fica, fica caladinha.
Fica, fica caladinha.
E agora desce...
Desce aí novinha...
Desce aí novinha.
Estes são trechos de depoimentos reais. Todos eles foram escritos por vítimas de estupro, que cansaram de permanecer caladas e gritaram suas histórias para o mundo. Elas, munidas de coragem, não “ficaram caladinhas”.
E todos os dias, a violência que elas sofreram é reforçada por músicas como esta. 
Diga não à cultura do estupro!  




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