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GUEST POST: COMO O FEMINISMO ME AJUDOU A ACEITAR MINHA VIRGINDADE
A N. me mandou a sua história:
Quando li as incertezas da M. no seu blog, lembrei de mim e de como o feminismo e sua liberdade me ajudaram a me aceitar, a aceitar a minha história. Não sei se as minhas palavras irão ajudar alguém, mas espero que sim. Eu nunca fui a mais bonita, era sempre a mais baixinha, a engraçada. Até hoje é assim. Não sou nenhum padrão de beleza, sou apenas eu. No colegial, quando os hormônios estão à flor da pele, eu não conquistava ninguém. Os meninos zoavam na escola e eu respondia na mesma moeda. Era sempre a irmãzinha dos meninos. Na primeira faculdade que fiz, a mesma coisa. Na segunda, sendo um pouco mais velha, cheguei a ter alguns paqueras, mas nada que fosse sério ou duradouro. Pois bem, hoje, tenho 27 anos e costumo dizer que sigo quebrando recordes. Nunca namorei e sou virgem. Ser virgem não é uma consequência de nunca ter namorado. Não sou conservadora. Não julgo as mulheres que transam no primeiro encontro ou com aquele cara que estão ficando. Somos livres para transar com quem quisermos e na hora que quisermos. Não é mesmo? Falando assim, parece hipócrita da minha parte ser virgem. Mas é aí que entra o meu feminismo, aquele que moldei diante de tudo que li sobre o assunto -- inclusive o Lola Escreva Lola. Acredito que a liberdade sexual é ampla e isso abrange não só as pessoas que transam e transam mesmo, sem pudores e conservadorismo. Abrange também as pessoas que, com suas razões, optam a casarem virgens e aquelas pessoas como eu, que ainda não encontraram o momento para isso.
Não, eu não acredito em príncipe encantado. Tive uma quase experiência sexual (fizemos tudo, menos aquilo que diria ao mundo "ei, ela não é mais virgem") com um cara por quem eu era muito apaixonada, mas na hora ele... ele broxou, estava mais nervoso que eu! Fiquei anos tentando pensar no que eu deveria ter feito para que ele não tivesse broxado. Mas, oi? A culpa foi minha? Claro que não. Eu não vou me culpar por isso. Não mais. Quero perder minha virgindade? Quero. Quero muito, é óbvio. Sou humana e tenho vontades. Muitas vontades, não nego. Mas, se antes as pessoas valorizavam a virgindade, hoje, sendo virgem, eu vejo que existe o contrário. Quando eu era adolescente e não ficava com ninguém na escola, achava um absurdo quando minha revista Capricho chegava e vinha encarte pra gente anotar os ficantes, dar nota. Eu me sentia obrigada a ficar com os caras e me cobrava a cada vez que via minhas amigas ficando e eu ali sempre de boa, sozinha. Sempre tentava entender o que de tão errado havia comigo. As pessoas parecem pensar que quem não faz sexo é babaca, não tem atitude, não existe. E eu paro e penso que estou longe de ser uma pessoa babaca, tenho atitude e muitas opiniões e eu existo, existo muito. Curto bastante a minha vida e não é pele dentro de mim que diz ou não o que eu sou. Ouso dizer que eu prefiro ser virgem do que ter um namorado que não me respeita, do que ter opiniões conservadoras e preconceituosas. Na minha mente não existe puritanismo, por mais paradoxal que isso pareça. Já chorei muito. Chorei por amor, chorei porque quando eu encontrava alguém que alimentava a minha esperança de que finalmente "eu viraria mulher", simplesmente não rolava; chorei porque me sentia diferente, porque minhas primas jovenzinhas não são mais virgens, chorei porque toda vez que saio com amigas, inevitavelmente, fala-se sobre homens e sexo, chorei por simplesmente não aceitar a minha história. Hoje, muitas piscinas de lágrimas depois, posso dizer que nunca estive tão bem comigo e com minha virgindade. Ela não é um segredo, mas também não é um livro aberto. Eu não tenho vergonha, não mais. Mas não acho que levantar a bandeira vai ser saudável, depois de tudo o que enfrentei sozinha. É difícil nadar contra a corrente neste mundo que valoriza tanto determinadas ações. E eu tô sempre indo contra as coisas ditas normais, não é só em relação ao sexo. Deixar de ser virgem não vai me fazer mulher. Quero até rir dessa frase que escrevi! Sou virgem, sou mulher e sou livre. Sinto-me muito mais livre do que algumas amigas que namoram, são casadas, transam, mas são presas a conceitos conservadores. Não aceitam a liberdade alheia de as mulheres transarem com quem bem quiserem e também não aceitam a liberdade de quem não transa. Hoje, com o feminismo, me sinto livre por ser virgem. Ninguém nunca me forçou a perder a virgindade apenas para ter assunto com as amigas. A minha história é assim e eu me orgulho de poder contar. Eu vou perder a virgindade, sei que estou mais do que pronta pra isso. Mas vai ser do meu jeito, com quem eu escolher e sem pressão. Se vai ser bom, ruim ou engraçado, só a experiência dirá. E vai ser mais um capítulo da MINHA história.
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Guest Post: Respeito Ao Corpo, Uma Forma De Tratar Vaginismo
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