GUEST POST: RESPEITO AO CORPO, UMA FORMA DE TRATAR VAGINISMO
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GUEST POST: RESPEITO AO CORPO, UMA FORMA DE TRATAR VAGINISMO


A D. me enviou um email dizendo: 
"Há algum tempo me deparei com a possibilidade de ter vaginismo, e só no teu blog encontrei explicações legais sobre o problema. Em sites de saúde as explicações eram terríveis, e só me deixaram mais desconfortável, triste e com dúvidas. Gostaria de te agradecer infinitamente pela postagem que tanto me ajudou e, se tu quiseres, eu gostaria bastante te deixar um relato que pudesse ser publicado no teu blog, já que ele tem visibilidade e pode ajudar um número maior de mulheres".
Eu respondi que sim, claro que ela deveria mandar seu relato!

Tenho 20 anos e até a semana passada era virgem, pois simplesmente nunca tinha sentido vontade de transar com ninguém. No começo do ano, comecei a namorar um cara adorável, e a reação dele ao saber que eu era virgem foi me dizer para não ter pressa ou me preocupar, nem jamais fazer algo que eu não queria. O tempo foi passando e pá: estava apaixonada. Ele foi um amor comigo e decidi que era com ele que eu queria perder minha virgindade. Só que não ia. Não entrava, nem com dedos, nem com nada. 
Por vários fins de semana nós tentamos, e não ia, não ia, não ia -- e eu ainda sentia uma dor absurda. Resolvi pesquisar sobre o que poderia ser, e me deparei com o vaginismo. Porém, a única informação decente que encontrei foi contigo, Lola, pois os sites de saúde eram "frios" demais, apenas me deixaram mais insegura e cheia de dúvidas. Ao ler o relato de outra moça, vi que o vaginismo tinha sua raiz nas questões psicológicas.
O feminismo me levou a conhecer melhor o meu corpo e, então, ao me tocar e me observar percebi que realmente o vaginismo se enquadrava na minha condição. Porém, em vez de ir a uma ginecologista (mas você deve ir!), resolvi eu mesma tratar da minha mente (não recomendável para todo mundo, mas sempre fui ligada a mim mesma e confiei nas minhas capacidades de me ajudar). 
Primeiramente, coloquei na minha cabeça que nada disso era minha culpa e que eu jamais deveria me sentir mal por estar sofrendo. Afinal, devo amar e me preocupar com meu corpo por mim mesma, e não para oferecê-lo aos outros. Ser feminista me ajudou a compreender isso facilmente, mas muitas mulheres, por crescerem nessa cultura machista, ainda se sentem mal e com medo de não agradar os homens (se livre disso, gata!).
Conversei com meu namorado e expliquei o que estava acontecendo. Disse que não me sentia segura quando ele tentava usar os dedos e ele parou. A partir daí, ele só fazia aquilo que me deixava bem, e isso me tranquilizou. Ter a certeza de que ela não faria nada que eu não quisesse me ajudou a mentalizar que eu não precisava ter medo de sexo. Sugeri então (depois de mais de um mês!) que ele tentasse usando penetração mesmo. A partir de então, e com duração de mais um mês, a gente sempre tentou a penetração. 
Ainda não entrava, e doía, mas eu me sentia segura e parava de tentar sempre que quisesse. Com o passar do tempo, sempre me tocando sozinha e "conversando" comigo mesma sobre o assunto, fui ficando tranquila e então aconteceu. Aos pouquinhos, a penetração foi acontecendo. Não foi tudo no mesmo dia. Foi aos poucos mesmo. Eu já me sentia relaxada e a dor já havia se tornado normal. Aconteceu, e foi lindo.
É claro que ter um namorado não-babaca ajudou, pois eu entendo que, quando estamos com alguém, a gente se preocupa demais com o que a outra pessoa vai pensar. E é aqui que digo algo importantíssimo: se o seu namorado não entender essa dificuldade, o problema está nele, não em você. Se ame em primeiro lugar, jamais esqueça disso. Se você tem vaginismo, não se desespere, pois é totalmente tratável, basta ter paciência e ir aos pouquinhos, se respeitando sempre. Eu não acho certo não ter ido à ginecologista, portanto, prefira ir e conversar com algum profissional sobre isso.
A exemplo do que aconteceu comigo, você não deve achar que os músculos da vagina que se contraem quando há ocorrência de vaginismo vão relaxar do dia pra noite. A penetração não precisa acontecer toda de uma vez. E mais: faça todo esse processo da forma como você se sentir melhor. Se algo (posição, local, pessoa) te deixa insegura, se livre disso, mude, encontre o que é melhor pra você. Tente transar sempre que você quiser, ou seja, não faça nada por "obrigação". Não se pressione e NUNCA deixe que ninguém faça isso.
Em suma, para me livrar do vaginismo precisei de muito amor próprio e precisei muito me conhecer. Me respeitei e fui respeitada, e assim me tranquilizei. Assim eu e meus músculos relaxaram. Espero de todo o coração que esse relato ajude outras mulheres, pois quando descobri o problema fiquei desesperada e não desejo isso a ninguém.




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