GUEST POST: FAZENDO ARTE NO ESCURO
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GUEST POST: FAZENDO ARTE NO ESCURO


Esse rapaz, B., me enviou um relato sobre a família que não o aceita como ele é. Não aceita nem sua arte.

Lola, tudo bom? Sempre li muito o seu blog, aprendo muito sobre as questões de gêneros, desigualdades e tiro dele também argumentos para deixar as coisas do cotidiano honestas e plurais. Sou um homem de dezenove anos, sou um cara feminista, e componho poesias. Sempre gostei muito de escrever, pois sempre fui muito acuado pelo (maldito) sistema patriarcal e tradicionalista imposto por minha família nordestina, daquela que acha que todo cara deve ser “cabra macho”, e em que as mulheres são completamente submissas (guerreiras em cuidar dos filhos e arrumar pendências em casa, porém submissas).
E você não imagina o quanto sofro por isso! Poucas vezes tive uma conversa (verdadeira) com toda a família. Vivo o que eu realmente sou, o que eu realmente gosto clandestinamente. Sentir o frio da mentira me abraçando todos os dias já virou tão rotineiro que às vezes me perco no que sou.
Enfim, sou gay, tenho um namorado, sou ateu, torço por um mundo plural e gosto de rock! Ou seja, sou uma besta fera da minha parcela de família. Me sinto muito perdido de não poder ser o que sou, de viver em fragmentos, sufocado. Não posso expurgar o que eu sinto. Queria berrar para eles, quebrar toda a hipocrisia e alienação em que eles vivem, e até machucá-los com a minha verdade, com o meu jeito de ser.
Vivo perseguido pelo medo. Tenho receio de quando estou com meu namorado e nossas amigas e o celular toca. Tenho medo de imaginá-lo tocar! Às vezes eu simplesmente queria sair e não voltar pra casa, pegar o caminho do curso ou estágio e não mais voltar... Apenas me esquecer, me deixar pra lá, não ter resultados, não ter absolutamente em que cogitar. Me sinto fraco por não ter a capacidade de falar, e fico cheio de ira em pensar que toda a minha família é tão ignorante a ponto de não saber definir o que é hetero e o que é homo! Serei completamente visto como imoral, serei chamado de viado, baitola e todo esse xingamento hostil e humilhante.
Até mesmo as poesias que escrevo e são lançadas nos livros da cidade (por uma rádio independente), são vistas como porcarias pelos meus pais. Eu não quero me calar, mas tenho medo de tudo se tornar bem pior.
Às vezes penso se seria bacana acordar hetero, branco e católico. Não, eu gosto do que eu sou, do que eu penso, do que eu escrevo, mas tenho medo de expor para pessoas que tanto julgam e queimam a língua por terem um filho gay. No mais, vou seguindo por aqui, compondo versos, tocando violão e fazendo a minha arte no escuro. 
“Em copos sujos se afoga a ira
E os lamentos saem do coração
Acaba o morto o que não poderia
É tão rico o mundo da ilusão” (Arte no Escuro)




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