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GUEST POST: SAI, PRECONCEITO!
A N. me enviou este texto muito bacana.
Li seu texto "Não Entre nas Olimpíadas da Opressão" e fiquei feliz de ver que parei de sofrer e de me sentir oprimida, mas ao mesmo tempo percebi que somos tão alvo de preconceitos como somos preconceituosxs. Daí me deu uma vontade de escrever. Desmembrando a palavra preconceito temos: (prefixo pré- e conceito) é um juízo preconcebido, manisfestado geralmente na forma de uma atitude "discriminatória" perante pessoas, lugares ou tradições considerados diferentes ou "estranhos". Costuma indicar desconhecimento pejorativo de alguém, ou de um grupo social, ao que lhe é diferente. As formas mais comuns de preconceito são social, racial e sexual. Sou mulher e sofro preconceito porque não quero ser mãe, porque não gosto de cozinhar, porque não fico me maquiando diariamente, porque não corro toda vez que tem promoção de sapatos, porque tenho controle sobre meu dinheiro, porque não frequento salão de cabeleireiro... Mas isso também me parece preconceito da minha parte em relação às mulheres que se comportam dessa maneira. Viu só? Somos tão alvo de preconceitos como somos preconceituosxs. O tempo todo vejo pessoas sofrendo pré-conceitos por razões tão ridículas que nem dá pra acreditar que tem gente que se importa tanto assim com a vida alheia! É o colega negro que é lembrado da sua cor de pele por meio de 'brincadeiras', é o outro que tem apelido por causa do peso, e mais outro que é associado à falta de cabelo... Sério mesmo que isso é legal? Que tá tudo bem? Da mesma maneira que 'brincam' com esses assuntos, falam também a verdade de uma maneira cruel. Trabalho num ambiente excessivamente masculino, numa transportadora. O comportamento deles é de quem está na quarta série. Falam tanta besteira e idiotices que chega a doer os ouvidos; são coisas contra homens, mulheres, animais, a própria mãe, a esposa, o filho. Usam palavras de baixo calão em meio a risadinhas. Quando ouço um deles lembrar que tem mulher na sala (eu!) e exige respeito, me dá até vontade de gargalhar! É que EU entendo que quando uma pessoa tem respeito ela respeita e ponto, sem necessidade de ser cobrada. Tenho me esforçado para destruir esses pequenos preconceitos dentro de mim. Minha mente e meu coração estão se alargando, estão se desfazendo de pré-conceitos e tradições. Estão se 'remoldando'. Não me defino mais como uma pessoa 'normal', não me acho 'normal'. Nem sei o que significa ser normal. Lá em cima quando me descrevi um pouco, já deu pra notar que não faço parte do grupo comum de mulheres, das escolhas e práticas ditas esperadas das mulheres (que a tradição/cultura/religião diz que tem que ser!). Por isso, passo boa parte do tempo tendo que justificar minhas escolhas, principalmente, o fato de que eu não quero ser mãe. Pelamor! Penso que do mesmo jeito que uma pessoa decide ser mãe, outra pessoa pode decidir não ser. Sou casada, meu marido tem a mesma linha de raciocínio e estamos de acordo. Ele também sofre preconceito com esse assunto, aliás já são cinco anos de casamento, mas ele sofre beeem menos do que eu, ele é muito menos cobrado do que eu. Às vezes estamos juntos, lado a lado, e a cobrança de ter um filho é dirigida unicamente a mim. Durante um tempo, eu me preocupei por não estar dentro de algum grupo, até eu me dar conta de que eu pensava diferente e que eu não deveria fazer parte daquele grupo e que as rodas de conversa que eu queria participar, na verdade, não me interessavam. Estava me esforçando à toa para integrar grupos e assuntos que não me interessavam nem um pouco, me comportando de uma maneira até falsa para agradar, mudando discursos ou evitando expor minhas opiniões. Mas isso acabou. Perdi a vontade de fazer parte de grupos: converso com todxs, falo sobre tudo, explico minha escolhas com o maior prazer e, no fim, só restam aquelxs que têm a mente mais aberta. Notei isso. Os que restam são sempre os menos preconceituosxs, são aqueles e aquelas que geralmente não estão fazendo piadinhas de mau gosto, um deles tem filhos, a outra não, e conversam comigo numa boa, sem querer me crucificar. Que coisa, não? Preconceito é um troço arcaico mesmo, ultrapassado, burrice. Só me resta ser mais cautelosa, pois não dá pra sair falando pra todo mundo que sou mulher e não me enquadro na 'normalidade divina' de ser mulher. Tenho sido muito mais compreensiva e tentado loucamente me livrar de preconceber juízo à respeito das pessoas. Percebi que me sinto mais madura e mais leve, respeito mais as pessoas e tenho me posto no lugar delas com mais frequência. Até meu vocabulário tem sofrido alterações: palavras como vaca, vadia, histérica, biscate, viadinho, corno e outras que não me lembro agora, estão praticamente extintas da minha boca. Vou continuar absorvendo mais positividade e recriminar toda forma de ódio que queira se manisfestar em mim. Sai desse corpo que não te pertence mais! Vou continuar lutando para não desconsiderar tudo que se difere de mim, para não diminuir a dor dos outros, para não menosprezar as escolhas e comportamentos alheios, para não rotular e classificar tudo e todxs! Força pra mim! Gandhi me abraça! Adoro seu blog, mudei muuuito desde que comecei a lê-lo e mandei um email outro dia pra te falar o quanto sou feia, meo deos! rsrs. Já passou!
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