GUEST POST: SOU UMA PESSOA MELHOR HOJE
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GUEST POST: SOU UMA PESSOA MELHOR HOJE


Perceber quando os outros estão sendo cretinos e preconceituosos não é tão difícil, mas enxergar o preconceito em nós mesmos, é! É aquele negócio, né? Em toda pesquisa é igual: você conhece algum racista/homofóbico/machista, ou você acha que o Brasil é um país preconceituoso? 90% responde que sim, conheço; sim, o Brasil é preconceituoso. Aí a outra pergunta é: e você, é racista/homofóbico/machista? Não dá nem 10% que diz sim! Ou seja, preconceituoso é sempre o outro. Então meus sinceros parabéns pra Maria Ângela por ter parado pra refletir e ter visto o que ela estava fazendo de errado. Isso realmente é muito louvável. Acho que quando a gente se torna mais consciente, se torna também um ser humano melhor. Fico toda boba que eu posso ter participado um pouquinho do auto-descobrimento de alguém!
Obrigada, Maria Angela, que permitiu que eu publicasse o email com seu nome porque, afinal, "Não tive vergonha de humilhar os outros, também não terei de apontar meus próprios erros".

Resolvi te escrever porque tenho me dado conta de muitas coisas que antes passavam despercebidas com relação a preconceito e auto-aceitação...
Não vou dizer que o teu blog me converteu e que agora eu sou feminista; ainda estou muito longe disso, porém mais consciente do que é "meu" e do que carrego porque "me deram pra carregar", entende? Mas é tão incrível quando a gente percebe que está sendo boçal, fútil, cretina e cruel toda uma vida que, sinceramente, cheguei a chorar várias vezes lendo teus posts (e várias outras lendo os comentários). Hoje estou lendo aquele do dia da Consciência Negra e já me emocionei várias vezes com relatos das participantes.
Lola, sério. Assim, eu sempre fui meio acima do peso, mas quando me dou conta da vida boa que tive (em termos de "não-bullying"), acho que sou uma guria de sorte! Parando pra analisar, era muito mais fácil eu estar do lado que discrimina do que do discriminado (vergonha, eu sei...). Aí quando conheci teu blog e fui lendo os posts anteriores, minha ficha foi caindo e eu vi o quão má eu estava sendo e me envergonho disso. E, Lola, não só com desconhecidos não... com gente da minha família, com minha irmãzinha (que tem 17 anos, mas será sempre o meu baby)! Ela tem o cabelo "ruim" e tá meio gordinha... Apesar disso, vive em paz, tem sua turminha, passeia, enfim. Agora imagina ter uma cretina dentro de casa não te dando mole?! Coitada, né? E a pobre ainda se espelha em mim! Sério, acho que sou podre demais pra inspirar alguém. Também crucificava outra irmã por ela não fazer as unhas, tirar o bigode... Como disse, agora estou um pouco mais consciente, então dou algumas dicas pra ela (que por causa da gordura, tá com pré-diabetes), mais quanto à saúde mesmo, sabe? E evito ficar criticando: se ela se sente bem assim, ótimo! Não quero ser eu a destruir a auto-estima dela! Me dei conta, agora, de que eu não gostava era de ver ela bem resolvida com seu cabelo, sua postura etc, porque eram coisas que incomodavam a mim, e que -- algumas -- eu acabei por modificar em mim mesma, para estar dentro de um "padrão". Que tola, não? Percebi quanto tempo e dinheiro gastei tentando mudar o que sou pra agradar a terceiros. Poderia ter empregado esse dinheiro de uma forma tão melhor! Ter usado o tempo pra estudar, namorar... Triste!
Agora no post da Consciência Negra, me vi sendo cretina mais uma vez, e mais uma vez com minha própria família. Minha avó materna é "parda" (negra, né? Isso de negro claro ou escuro não faz sentido, mas né? É assim que se referem a ela), e minha mãe herdou isso dela, apesar de o pai ser descendente de italiano. Eu também sou filha de "parda" com italiano e -- ó, glória -- saí branquíssima, de cabelo "bom". Mas quantas vezes, Lola, fiz piadas racistas, comentários que eu sabia que machucavam a mãe, a avó, os tios... só porque "eu tinha o direito", por ser branca. É ou não é cretinice? Pelo menos agora vejo o mal que fazia e procuro não fazê-lo de forma consciente (porque inconscientemente, às vezes escapa. Normal, quando se passa uma vida -- 29 anos -- sendo assim).
Ao contrário de você, Lola, eu quero ter filho. E você me fez questionar em que mundo eu quero que ele viva e que tipo de ser humano eu quero que ele seja. Se quero que ele seja bom, devo começar por mim, não é? E é por mim, pela minha mãe, pela minha família e pelos filhotes que terei em breve que quero ser uma pessoa melhor. Não quero ser só uma casca bonita -- mesmo porque meu tempo tá acabando (ano que vem chego aos trinta e com orgulho!).
Bom, Lola, o que eu queria te dizer é MUITO OBRIGADA! Obrigada por me fazer ver que mau ser humano estava sendo, o quanto eu tenho que melhorar, e também por ser um farol no meio dessa doideira de preconceito e maldade. Obrigada pelo blog, Lola. Ele realmente fez a diferença pra mim!




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- CafunÉ De Leitora Em Mim
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