GUEST POST: TER FILHOS TRAZ FELICIDADE
Geral

GUEST POST: TER FILHOS TRAZ FELICIDADE


A Marina me enviou este relato pra contestar um post antigo que escrevi:

Li o texto que você escreveu, "Mentiram para mim: ter filhos não traz felicidade" e gostaria de te escrever o que penso, baseado na minha experiência de vida.
Quando eu era mocinha (hoje tenho 32 anos), eu não gostava de pensar muito em casamento e nem em filhos, era a que dizia que casaria mais tarde da turma, e a única que dizia que teria apenas um filho.
Por fim eu engravidei do meu primeiro namorado, fui a primeira a casar e a primeira a ser mãe. E para uma menina que teve seu primeiro namorado aos 17 anos, isso foi um choque para toda a família.
Eu contei para minha mãe, que contou para meu pai, que ficou dois meses sem falar comigo, mas depois me perdoou. Aguentei frases ofensivas da minha mãe até completar três meses de gestação e casar.
Morei um ano e meio de aluguel, e depois me mudei para uma casinha, no quintal da minha sogra, "um presente de casamento para o jovem casal". Eu e meu marido éramos universitários quando eu engravidei, eu cursava o terceiro semestre de Fisioterapia e tinha acabado de pedir as contas do meu primeiro emprego (operava telemarketing). 
Meu então namorado casou comigo, e assumiu de cara uma garota da mesma idade que ele, universitária, desempregada e grávida. Ele saía de casa as 6 e pouco e só voltava depois da meia noite. E por assim foi a rotina por seis anos. 
Eu estudei até o oitavo mês de gestação e emendei férias com o parto, depois passei um semestre em casa e depois voltei normalmente aos estudos.
Me tornei uma aluna muito melhor depois da maternidade, de medíocre para a segunda melhor da sala, uma sala de jovens solteiros e bem providos financeiramente pelos pais. E eu pobre, dona de casa e mãe de bebê, e superei a todos nos resultados acadêmicos.
Consegui isso me amparando em toda ajuda que podia, de mãe, sogra a babá, tia, vizinha, etc. E da mesma forma que me formei, dei continuidade a tudo que gostava de fazer antes. Sair com o marido, cinema, sair com as amigas. Eu não me limitei e nem me restringi. Eu era jovem e não tinha vergonha de pedir favor para as avós. 
Foi difícil, hoje eu sei, mas eu me surpreendo ao perceber de como fiz parecer fácil.
Eu amei minha filha no momento que descobri que estava grávida. Ia e voltava de ônibus para a faculdade, carregando muitos livros, e achava fácil, ia em pé, ninguém me dava lugar.
Ser mãe foi uma experiência fantástica. Se os filhos trazem felicidade, sim trazem sim, e trazem também muitas contas, dívidas e preocupações. O que posso te dizer é que compensa. Mas por que compensa? Como explicar isso?
Caso você já tenha tido um filho, você já descobriu, mas caso não tenha tido eu vou tentar te explicar. Quando a gente tem um filho, a gente passa a amar outro ser, mais do que a gente ama a nós mesmos. O sentido da vida muda. Eu me tornei uma aluna melhor porque comecei a levar a sério a faculdade, pois vi nela uma forma de conseguir melhorar a minha vida financeira e desta forma dar uma qualidade de vida melhor para minha filha, que ainda não tinha nem nascido.
Depois que a gente passa a amar tanto um ser assim, a vida muda, mas a gente pode ser e manter coisas que fazíamos antes, tudo dependerá do apoio que recebemos e se estamos dispostos a aguentar certas coisas. É um jogo de ganhos e trocas. De escolhas.
Eu levei dez anos para ter outro filho, um menino, e nesta segunda gestação tudo foi diferente. Nesta eu planejei, nesta eu estava 10 anos mais velha, e nesta eu já tinha perdido a prática de cuidar de bebê e de tudo que temos que abrir mão quando temos um filho pequeno. 
Meu filho nasceu com refluxo, teve terror noturno e tem até hoje dermatite atópica, e com eles as coisas foram diferentes. Eu me limitei muito. Mas volto a falar, é um ser que a gente ama mais do que amamos a nós mesmos, então como imaginar nossa vida sem eles? Só enquanto a gente não os tem, depois que temos não tem volta, e não queremos que tenha. 
Os filhos em si trazem felicidade. Agora, se ser mãe torna a nossa vida mais feliz, vendo por um contexto mais complexo, eu não sei te dizer, se completa algo, também não saberia dizer, pois não tive tempo de sentir esta sensação de que falta alguma coisa como alguns casais sem filhos falam. 
Agora uma coisa eu sei, a natureza chama, acho que tudo isso é instinto. Instinto de perpetuação da espécie. Ele que gera este imenso amor, sensação de que vale a pena apesar de todas as dificuldades, e de que no final o percurso compensa.
Sendo mais fria e calculista, os filhos precisam se virar e cuidar dos pais quanto estes ficam velhos. 
Minha mãe juntamente com os dois irmãos estão fazendo "vaquinha" para pagar a clínica que minha avó reside. O mesmo ocorreu com o meu pai: ele e o irmão pagavam uma clínica para minha avó residir. E a avó do meu marido é idosa, mora sozinha, e os filhos revezam as visitas para que ela não fique só e tenha tudo que precisa, pois seu marido já faleceu. 
Filhos, quando crianças e adolescentes, trazem muitos gastos financeiramente falando. Mas no futuro eles entram com o retorno, a ajuda que os pais precisam, nem que seja de amor e carinho ou atenção. Mas em algum momento precisarão entrar com algum tipo de suporte, pois todo mundo envelhece e nem todo mundo tem o privilégio de viver são e independente até o último suspiro.
Ter filhos é uma experiência única, incrível, difícil, compensador. Ver os filhos crescendo, se desenvolvendo, não tem preço que pague. Mas quem fala que tudo são flores está mentindo.
Tem muitos casais que não estão bem e resolvem ter filhos, com toda certeza não dará certo, pois vários desafios serão acrescentados na vida de um casal que já não estava bem. Mas um casal que está firme e forte, e de repente sente que a hora chegou, acho que pode ser uma experiência muito positiva e que acrescentará.
Bom, desculpe o livro, espero que você tenha gostado.
Cada um escolhe se quer ter filhos ou não, e não sei o quanto isso irá acrescentar ou subtrair na vida de cada um, e nem se trará felicidade.

Meus comentários: Marina, continuo convicta na minha decisão de não ter filhos. Agora estou velhinha, vou fazer 48 anos, então mesmo que eu quisesse, não poderia mais. Mas não quero, nunca quis, e não me arrependo nem um pouco. Não acredito em instinto materno. Eu tive muita sorte. Decidi cedo que não teria filhos, encontrei um homem lindo com o mesmo desejo que eu, e conseguimos não engravidar. 
Não temos medo do futuro. A vantagem de não ter filhos é que se economiza bastante. Com esse dinheiro poupado, poderemos nos manter na velhice e na doença, espero (infelizmente, filho não é garantia que alguém cuidará da gente mais pra frente. Há inúmeros casos em que os filhos não ajudam). 
Acredito sim que filhos podem trazer felicidade. Meu post de cinco anos atrás foi mais uma provocação, baseado num artigo interessante cheio de dados que desmentiam o clichê de que ter filhos é uma maravilha. Você sofreu bastante preconceito por ter engravidado cedo e sem planejamento. Eu, como uma mulher que não tem filhos, sofri pressão constante para tê-los. Pressão que meu marido, por ser homem, não sofreu. 
E a pressão se dá através do senso comum de que eu sou uma mulher incompleta e infeliz por não ter cumprido minha missão na vida, minha plenitude como mulher. Balela. Eu me sinto muito completa e feliz. Conheço várias mães e pais incríveis, e as admiro pelo amor incondicional que dedicam aos rebentos. Mas essa não foi minha escolha. E eu tive o privilégio de poder escolher.




- Autor Do MÊs - Vanessa Anacleto
Você é mãe? Então para tudo e conheça esse livro! Estamos buscando cada dia mais trazer autore(a)s que falem direto ao coração das mulheres nas linhas de seus livros. Por isso,  livro "Culpa de mãe" diz tudo para as que já tem filhos! Vanessa...

- Guest Post: Melhor Abortar
V. me enviou este relato: Acho muito lindo a galera "pró-vida-do-feto-a-mãe-que-se-lasque" falando para dar o bebê para adoção. Falando que é uma vida... Falando que "tomara que a Cruella De Vil que não quis o bebê-lindo-fofo-cuti-cuti se arrependa...

- Guest Post: Abandonei A Seita E Estou Livre
A. me mandou este relato: Oi Lola, faz pouco tempo que conheço seu blog, mas ele já abriu minha cabeça pra muitas coisas e me fez reconhecer e entender várias situações que vivi. Queria dividir um pouco da minha história, que deve ser parecida...

- Guest Post: Meu Namorado NÃo Queria, Mas Fiz Um Aborto
Enquanto isso, no Uruguai... Recebi este relato da L. em agosto. Meu nome é L. e tenho 22 anos. Há um mês fiz um aborto. Me descobri grávida uma semana antes de fazer o procedimento. Uma gravidez já bastante adiantada (estava com sete semanas)....

- MÃes Extremamente Felizes Respondem
No post sobre o artigo da New York Magazine, que menciona vários estudos acerca de casais sem filhos serem mais felizes que os com filhos, pelo menos nos EUA (não em países onde o bem estar social é forte, como a Dinamarca), houve inúmeros comentários...



Geral








.