MÃES EXTREMAMENTE FELIZES RESPONDEM
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MÃES EXTREMAMENTE FELIZES RESPONDEM


No post sobre o artigo da New York Magazine, que menciona vários estudos acerca de casais sem filhos serem mais felizes que os com filhos, pelo menos nos EUA (não em países onde o bem estar social é forte, como a Dinamarca), houve inúmeros comentários interessantes. Queria colocar aqui parte de um deles, da Somnia, que já tem o Ângelo e logo logo terá a Marina, e que viveu na Suécia e agora está de volta a SP:

“Eu disse certa vez a uma amiga solteira, sem filhos, que ser casada e ter um filho havia me dado um tipo diferente de experimentar a vida e a felicidade. Eu, como você, nunca vinculei poder ser feliz tendo filhos ou estando casada, e acho que esse é o pior erro de quem está fora desse circulo.
Achar que tendo um filho melhora-se o casamento ou nos torna mais completas etc é uma besteira e tanto. Por outro lado, eu não consigo deixar de dizer que eu olho para meu filho milhares de momentos, ouço o que ele diz, recebo seu abraço, e o amor que sinto por ele e recebo dele NUNCA na minha vida eu havia sentido. Nem de meus pais, nem amigos, nem marido.
É amor único. É diferente. E ter esse amor me traz felicidade em muitos momentos, mas não me garante felicidade o tempo todo. Ter um filho não me deixou mais feliz do que eu era antes, porque antes, como você bem disse e a pesquisa também, eu era capaz de fazer outras coisas que me deixavam bem feliz.
O lance, acho, é descobrir se a gente quer ou não mudar de fonte de felicidade... Nem sempre a gente quer ter tempo para ir ao cinema toda semana, entende? Meus desejos mudaram, minhas prioridades tambem. Amo sair com amigos e falar besteira... ir ao cinema! uau! sinto a maior falta, mas o sacrifício não me traz infelicidade porque há uma compensação...
Uma compensação que quem não teve filhos não pode sentir, falar ou entender. Você, nem ninguém, é incompleto por não ter isso, mas você tem prioridades e desejos diferentes.
Eu acho excelente quando algumas pesquisas colocam por terra algumas crenças e opiniões do senso comum, mas fiquei pensando enquanto lia seu post, antes de chegar na parte da Dinamarca, que o exemplo estava americano demais... Numa pesquisa na Suécia os pais e mães colocaram entre suas prioridades e coisas que lhes deixavam felizes cuidar de suas crianças...
Eu aprendi muito isso lá. Dá um baita trabalho, cansa, não transo tanto quanto antes, não vou ao cinema, mas aprendi a cuidar e curtir o filho por um ano sendo remunerada pelo Estado de lá, mesmo nunca tendo trabalhado na Suécia... Isso me permitiu cuidar do filho, não passar isso para a babá ou a avó. Foi difícil como qualquer outro trabalho bem exigente que a gente tenha, mas só consigo pensar que faria de novo, que valeu a pena.
Tudo isso me fez decidir esperar para voltar a trabalhar pelo menos uns 8 meses até que a Marina fique maior...
Claro que a sociedade do bem estar da Suécia me ajudou a escolher isso com Ângelo, e minha situação mais ou menos estável agora me permite fazer o mesmo com o segundo filho...
Fiquei pensando também que gostaria de ter a mesma pesquisa feita em vários outros cantos..."

Minha reação: Sabe, Somnia, na segunda de manhã, quando comecei a ler os comentários, pensei em vc. E sei pelo seu blog, pelas fotos, pelos textos, que vc é uma pessoa super feliz, de bem com a vida, e que curte pacas cuidar do filho e vai adorar cuidar da Marina (ela já chegou?). Tenho certeza que com a Rita é a mesma coisa (a Rita, aliás, deixou um comentário lindo em que ela diz: “as grandes renúncias nem chegam aos pés das imensas compensações. Eu troco o cinema que adoro para ouvir o Ulisses contar história pro Arthur na hora de dormir. É lindo, todos os dias. Fazer menos sexo, perder o cinema, não sair pra dançar, nada disso é páreo diante de ensinar um filho a ler ou nadar”). Conheço várias pessoas que AMAM cuidar dos filhos e são muito felizes. Isso que vc falou, Som, de amor incondicional, a gente ouve sempre. Na realidade, o que eu mais ouço é que o amor que um pai/mãe sente pelo filho é inigualável, diferente e maior do que o amor que se sente pelo marido, pelos pais, avós, amigos, ou blogueira preferida (ha ha, essa eu não pude deixar escapar!). Acho que deve ser muito legal sentir isso. E eu SEI que não se deve nunca comparar bichinhos com crianças, mas se me permite uma heresia, eu sinto um amor incondicional pelo meu gatinho Calvin. E ele por mim. Minha gatinha Blanche nem liga pra mim, eu sou apenas a número três na sua escala de afeição, e com meu cãozinho Hamlet, que já morreu, eu sentia um amor enorme vindo dele, mas não era incondicional de forma alguma. Ele me criticava às vezes. Duramente, até! Mas com o Cal, não. Não há críticas, só love love love e muitos rum-runs de ambas as partes. E não dá trabalho nenhum! Não preciso dar banho, levar pra passear, preparar comida, nada. Só brincar, que não é esforço com um gatinho tão fofo. Eu olho pra ele e sinto meu coração se expandir, sabe?
Sei que não posso comparar, até por não ter filhos. Mas sinto que bichinhos são excelentes substitutos pra filhos. O único porém é que eles são meio limitadinhos. Nunca vou conseguir ensinar o Cal a jogar pôquer, por exemplo (já pra goleiro de futebol, ele bate um bolão).
De mais a mais, sei que muita gente inventa desculpas esdrúxulas pra não ter filhos. Lembrei agora de uma das minhas falas favoritas de Harry e Sally, Feitos um para o Outro. Sally queria muito ter filhos, mas seu companheiro de vários anos, não. E a desculpa que ele dava é que era uma maravilha não ter filhos porque era possível transar no chão da cozinha e viajar pra Europa a qualquer momento. Só que aí Sally repara que eles nunca iam pra Europa, e que o chão da cozinha é frio demais pra transar. Creio que as pessoas podem só assumir que não querem ter filhos, sem dar desculpa nenhuma. Não é meu projeto de vida e pronto.
Como minha natureza não permite terminar um texto sem qualquer provocação, incluo a conclusão de um excelente comentário que o Nefelibata deixou no post: “Em suma, para não me esticar demais; é preciso sim jogar na cara de todos, assim, agressivo mesmo, que esse negócio de filhos é opção, não fará necessariamente ninguém mais feliz, nem completará ninguém. Que filhos trazem coisas boas somente depois que uma série de problemas são superados, e que para superá-los, entusiasmo não basta. Talvez quando as pessoas fizerem isso, deixarão de ter filhos 'por ter' e não delegarão às escolas a função de educá-los simplesmente porque lhes falta tempo e ânimo”.




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