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MATÉRIA DE JORNAL E UM EMAIL TURURURU
O caderno Anexo, do jornal A Notícia, do qual sou colaboradora desde 1998, publicou na quinta uma pequena matéria de capa sobre blogs joinvilenses, e me incluiu nessa festa. Foi assim: na manhã de quarta, uma simpática repórter ligou pra casa pra me fazer algumas perguntas sobre o bloguinho. Ela quis saber como surgiu a ideia de ter um blog, e eu contei (já falei pra vocês, né?): eu compartilhava minhas crônicas de cinema com um site que não era meu, e não estava muito feliz porque o feedback dos leitores era zero e porque o site demorava demais para ser atualizado. Como sou muito acomodada e bastante tolinha, isso durou de 2000 a dezembro de 2007. Durante o segundo semestre de 07, passei a colaborar com um outro blog, mas não deu certo. Não era o meu público, eu não tinha liberdade pra escrever o que quisesse, e novamente não havia retorno dos leitores. Aí o dono do primeiro site descobriu meu adultério com o outro blog, e me deu um ultimato: ou eu ou ele. E eu, que estava cansada de ambos, falei pro maridão: “Quer saber? Nenhum dos dois! Não pode ser assim tão difícil fazer um blog. E aí, me ajuda?”. Pronto. Faz um ano. Eu contei isso muito resumidamente, e o que saiu no jornal foi “trajetória insossa”, mas entendo que esse não era o foco. A repórter perguntou quais blogs eu acompanhava, e eu disse que o meu preferido é o Síndrome de Estocolmo, por tratar de temas que me interessam mais (isso não saiu na reportagem). Eu disse que, de Joinville, o blog que eu lia mais é o Cidade Cultural, pra saber o que acontece na minha cidade. O resto do que falei tá mais ou menos na matéria, com um erro que um leitor identificou e mandou um email pro jornal - eu não recebo “cerca de 50 comentários por mês”, e sim por post. Mas, sinceramente, nem considero esse um erro crasso. E, como já comentei numa ocasião, quantas vezes você leu uma matéria sobre algum tema que você conheça bem que não tenha pelo menos uma informação errada? Fiquei contente com o destaque, lógico. Mas duvido que isso traga algum leitor novo pro bloguinho. Estou cada vez mais convencida que leitor de jornal tem pouca afinidade com a internet - por isso lê jornal. Há exceções, mas eu também era assim, quando assinava a Folha e o Estadão (parei há uns três anos): não lia blogs; mal sabia que existiam. Internet, pra mim, era mais pra trocar emails e de vez em quando procurar algum artigo.Através da coluna que tenho na Notícia, recebo uns dois emails por semana (compare a interatividade que cada meio proporciona: 50 comentários por post vs. 2 comentários por semana). Respondo sempre, e constantemente peço pra pessoa conhecer meu blog, porque aqui os textos são diários, não semanais, e porque nos comentários o debate se amplia, toma novos rumos. Qual a minha ideia ao fazer esse convite? Não é só aumentar o número de leitores do blog, se bem que, sim, gostaria de receber mais visitantes que vivem em Joinville. Mas o principal é que, se a pessoa se deu ao trabalho de me mandar um email elogioso, é porque gosta do meu trabalho, e no endereço tal tem muito mais. Não sei, você não faria o mesmo? Se você acompanhasse o trabalho de alguém que escreve prum jornal, mandasse um email pra ele(a), a pessoa respondesse dizendo “Eu também tenho um blog, apareça lá”, você acharia ruim? Eu ficaria feliz em saber que alguém que eu gosto de ler escreve todo dia. Mas recentemente houve uma leitora que se ofendeu. Ok, essa leitora foi muito estranha. No primeiro email, ela me elogiou pelo “salto qualitativo” que meus textos haviam tomado depois que estudei e morei no exterior, e que ótimo que eu tenha deixado de lado aquele estilo “dissimulado” e “primário” que eu adotava nas minhas críticas de cinema, quando “tripudiava do maridão”. Ui!, ou, como dizem naquele país que me transformou numa pessoa iluminada, ouch! Você pode imaginar que detestei esse email. Não só por insultar minhas críticas, mas por supor que agora sim eu sou um ser humano desenvolvido, simplesmente porque passei uma temporada num país desenvolvido. Tentei responder com o máximo de educação, como sempre. Expliquei que, apesar do jornal ter cortado minhas crônicas de cinema, por falta de espaço (ele foi reformulado e adotou o formato tablóide), eu continuava com elas no blog. Um dos pedaços do meu email dizia: “Eu francamente não acho que antes era dissimulada e que agora, depois de viajar, eu tenha me tornado questionadora, existencialista e densa. O que você vê como 'salto qualitativo' eu apenas vejo como duas colunas diferentes, com perfis e talvez públicos diferentes”. A leitora respondeu de uma forma meio indecifrável. Ela engole palavras, troca letras, não termina frases, e assim fica difícil entender o que quer dizer, mas tenho quase certeza que ela me contou boa parte de sua vida, afirmou como somos parecidas, e acrescentou (tudo sic): “Parece-,e que de uma forma subliminar vc sentiu-se um tanto mexida ao falar sobre suas crônicas no jornal sobre filmes, posso dizer que gosto não se descute, só se lamenta, vejo você muito maior nesta outra questão na qual se propôs a escrever”. Ela ainda disse que gostaria muito de me conhecer pessoalmente, pois “quando encontro estas pérolas perdidas gosto de garimpalas para ver seu brilho”. Mas que eu não me preocupasse porque isso não era uma cantada, já que ela também tem maridão. Tá, pode parecer, na décima resposta atravessada a um trololó no blog, que não sou uma pessoa paciente. Mas eu sou, sério. Então, munida de muita tolerância, engoli em seco ser chamada de “pérola perdida” (que só uma pessoa especial pode garimpar, certo? Isso tem nome em inglês: patronizing), e respondi à leitora que eu entendia que a intenção dela não foi me insultar, mas que fazer um elogio desvalorizando um outro trabalho (críticas) que nem está em pauta podia soar “um pouquinho ofensivo”. E comentei uma série de coisas que ela falou no email, reiterei que não estava brava, que eventualmente iríamos nos conhecer, mas, por enquanto, que ela aparecesse no meu blog e, se quisesse, comentasse por lá. Ok, veja o que a mulher me responde (tudo sic):“Vi seu blog, porém meu interesse e intimista , não gosto de falar para o mundo inteiro, sou bastante reservada, mas vc continua agredindo, realmente seu estilo é gostar de receber críriticas negativas, percebi que a maioria é neste sentido, mais uma vez vc encontrou alguérm para escarafunchar seu estilo. [...] Qto a vc pela terceria vez querer que eu fale de seu blog, isto eu me permito que não farei, estou conversando com você e percebi que você sentiu-se um TANTÃO ENCOMODADA com uma das questões e só se ateve a esta, em vez de ver o todo, o sistêma seu amadurecimento. [...] Fique tranquila, vi que você eufemisticamente, solicitou para que eu pare de falar na intimidade eu não gosto de reality shows, entrando num bolg, este é seu endomarkiting, mas não pretendo estar alí e sim aqui. A relação é um binômio agradeço sua agressividade sutil, e daqui por diante não entrarei em contato. Não necessito ver apesar de ter feito uma leitura dinãmica dele no seu blog, mas uma vez vejo que seu negócio é ficar distante de seu público, o virtual permite bastante isto, então siga em frente. Acho interessante alguém gostar de receber criticas desvalorizando seu trabalho. Sentimentos de que você realmente aceite o the day after, ou posso pensar que vc gosta dele”. Alô? Ganha um pirulito de chocolate quem decifrar o que essa doida quis dizer. Minha paciência tem limites, e não respondi esse último email - inclusive porque não entendi bulhufas. Qual é o the day after? (parece o pessoal falando os The Beatles). Eu disse claramente que não gostei que ela tenha chamado minhas crônicas de primárias, e a conclusão dela é que eu gosto de receber críticas negativas? Admito que neste caso fiquei um tiquinho assustada, porque a pobre leitora pareceu desequilibrada (espero que fique bem e que tenha uma vida longa e feliz). Tudo bem, estou sendo injusta com os outros leitores do jornal que me mandaram emails. Eles foram gentis e queridos, mas foi só sugerir o blog que nunca mais ouvi notícias deles. Acho que não vou mais misturar os canais. Não menciono mais pra leitor de jornal que tenho um blog. Não sei, é tudo muito esquisito. Essa leitora fez a musiquinha do turururu turururu do Além da Imaginação ficar tocando na minha cabeça.
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Bordoadas Carinhosas Para CrÍticos De Cinema
Ataque dos clones A crônica abaixo eu escrevi há uns sete anos, pelo menos. Talvez mais. Acho que vem a calhar com o que falei ontem, sobre como escrever resenhas críticas, que é o que tentei ensinar no estágio da sexta série. E também porque...
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