NO QUE VOTEI PRA PASSAR NO TESTE – PARTE 1
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NO QUE VOTEI PRA PASSAR NO TESTE – PARTE 1


Como pode ter gente curiosa pra saber como me saí no teste da Veja pra detectar de que lado do espectro político estamos, e a Lolla Moon pediu um post específico, e o desejo dela é uma ordem, vamulá. Só que o post ficou quilométrico. Vou dividir em duas partes. Ah, todas as escolhas pra todas as perguntas são “Discordo integralmente”, “Discordo”, “Concordo” ou “Concordo integralmente”, e acho interessante que não deram uma brecha no meio pros centristas, do tipo “Tô em cima do muro”.

1) “O MST age corretamente quando invade terras para pressionar pela reforma agrária”. Respondi “Concordo”, porque aí depende se as terras são produtivas ou não, o que não está especificado na colocação, e também como se dá essa invasão (sei que a maior parte das invasões do MST são sem vandalismo, apesar da mídia pintar o contrário).

2) “É melhor ditadura com estabilidade econômica do que democracia com inflação”. Respondi “Discordo integralmente”, óbvio. Nada justifica a ditadura. A democracia tem defeitos, mas eu prezo a liberdade. Sei que deveria por aspas nessa palavra, mas o post vai ficar imenso se eu comentar tudinho.

3) “É preciso haver uma substancial redução na carga tributária”. Pus “Discordo”. Não totalmente, porque acho que muitos impostos são altos demais. Mas escolher a alternativa “Concordo integralmente” é fácil numa questão dessas. Ninguém gosta de pagar imposto. Só que, sem impostos, não haveria saúde pública, escolas, o mínimo de segurança, bolsa-família (que eu sou a favor), e muitas outras coisas pagas com nosso dinheiro. E, ao contrário da classe média brasileira, que diz não usufruir dos impostos que paga, eu usufruo. Não tenho plano de saúde, então uso o SUS; fiz mestrado e estou cursando doutorado numa universidade federal de alta qualidade. Pessoalmente, não posso reclamar muito.

4) “A privatização em setores como energia e telefonia trouxe benefícios para o país”. Coloquei “Discordo”. Não totalmente porque, afinal, houve algumas vantagens – hoje é muito mais fácil comprar uma linha telefônica do que era uma década atrás. Mas o serviço é caríssimo, continua havendo monopólio (em Joinville, pra telefone e internet, eu posso optar pela Brasil Telecom e pela... Brasil Telecom), e não há qualidade alguma no serviço ou no atendimento. Eu me lembro que, em 1995, por aí, paguei R$ 1,200 por um telefone e esperei dois anos até que a linha saísse. Em compensação, a linha era minha, e recentemente recuperei todo o investimento vendendo as ações. E eu me lembro que, antes da privatização, a assinatura da linha custava menos de 3 reais. Hoje custa 40. E há muito ouço falar que, “em breve”, a internet será rápida como um raio, e de graça. Ahn, cadê?

5) “É correto que o estado decida se determinadas greves são legais ou não”. Pus “Discordo”. Agora a gente tá num governo que tem afinidade com reivindicações sindicais, mas dependendo do governo, dar tanto poder ao estado pode ser perigoso. Não gosto de greves, sofro com elas, mas às vezes elas realmente são um último recurso, e devem ser feitas.

6) “Entre um candidato corrupto, mas tocador de obras, e um honesto, mas ineficiente, prefiro votar no primeiro”. Ou seja, o velho “rouba mas faz”. Votei “Discordo integralmente”. Mas sou uma Pollyanna, acredito que é possível haver políticos honestos e eficientes.

7) “É condenável que pessoas fiquem milionárias apenas aplicando no mercado financeiro, sem contribuir em nada para a sociedade”. Pus “Concordo”. Eu tenho dinheiro aplicado, e acho que contribuo um pouquinho pra sociedade. É que concordo com a primeira parte da questão, “É condenável que pessoas fiquem milionárias”. Acho que ninguém precisa ser muito rico, e acho que deveria haver limite pra riqueza. O cálculo que eu conheço é o seguinte: pra que alguém possa não trabalhar pro resto da vida, deve calcular quanto gasta por mês. Digamos, 1,8 mil reais. É mais ou menos o que eu e o maridão gastamos por mês, no Brasil. Tem mês que dá menos, tem mês que dá muito mais, mas observando um ano, e dividindo por doze, dá mais ou menos isso (ou dava, há um ano, antes da gente vir pra Detroit). Então a gente precisaria ter 360 mil reais aplicados num investimento que rendesse uns 10% ao ano. A gente viveria desses juros, e o dinheiro não acabaria. Ok, 360 mil é uma enormidade, não estou dizendo que não seja. Mas tá longe de ser aqueles 30 milhões que todo mundo sonha em ganhar na Megasena. Aliás, sou a favor da distribuição de renda nas loterias também. Ao invés de um prêmio de 30 milhões, que tal 300 prêmios de 100 mil reais cada?

8) “Na relação comercial entre os países, o protecionismo às vezes é necessário”. Pus “Concordo”. Acho que países pobres como o Brasil devem ter um mínimo de proteção. Mas considero um abuso os países ricos se protegerem.

9) “O Estado deveria ter controle apenas sobre as áreas de segurança pública, saúde e educação, deixando os demais setores sob responsabilidade das empresas privadas”. Pus “Discordo”, porque a gente não deve partir do pressuposto que as empresas privadas são boazinhas. Empresa privada quer lucro, e só. Tampouco acho que empresas privadas sejam mais honestas, ou mesmo mais eficientes, que o governo. Imagina que legal se a água ficasse sob a responsabilidade de uma empresa, essa empresa subisse os preços como quisesse, e proibisse os moradores de armazenar água de chuva? Aconteceu na Bolívia. Agora, acho incrível que a pergunta diga que o Estado deve ter controle sobre essas três áreas essenciais. Muitos direitistas que eu conheço, a Veja inclusa, acha que tudo deve ser privatizado.

10) “Quanto mais livre o mercado de seu país, mais livre o seu povo”. Pus “Discordo integralmente”. A China é um mercado bastante livre atualmente, e os chineses, nem tanto. E tenho dúvida se os americanos são tão livres como se pensa, pra falar a verdade.

Continuo depois, num outro post, pra dar fôlego pra você respirar, se revoltar, hackear e tirar meu bloguinho do ar, e tudo o mais.





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