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PRIMEIROS DIAS
Ainda estou tentando entender Detroit, que não é tão diferente de várias cidades americanas. Ou seja, os subúrbios sao brancos e ricos, e a cidade em si é meio pobre. No que eles chamam de “Metro Detroit” vivem cerca de 900 mil habitantes, 80% deles negros. É óbvio que só essas pessoas andam de ônibus, porque quem mora no subúrbio precisa de carro pra chegar lá. Essa enorme segregação já existia, e piorou após uma revolta da população negra em 1967. Os brancos fugiram pros subúrbios e, com eles, os impostos que pagavam. As escolas suburbanas arrecadam mais, e, consequentemente, são muito melhores que as de Metro Detroit. Mas acho que a área em que estamos, que é a cultural, a da universidade (e também o centro), é vista como uma área boa da cidade. Aqui é lindo, muitas árvores, arquitetura antiga, tudo plano, calçadas limpas e inteiras... Mais pra frente, e até chegar ao grande divisor que é considerado 8 Mile (do filme com o Eminem), a situação já é bem pior. E depois de 8 Mile vem a opulência dos subúrbios. Pra mim e pro maridão é estranho viver num lugar tão segregado, mas todos nos tratam muito bem. Aqui todo mundo fala “Excuse me” (“Com licença”), segura as portas (pesadíssimas, pra barrar o frio do inverno), agradece se você segura porta, aperta o botão do elevador pros outros, diz “Have a nice day”, pára e responde quando pedimos informações, e, na maioria das vezes, se houver contato visual, dispara um “Good morning” ou “Good Afternoon”, essas coisas. Um amigo nativo disse que o pessoal é mais politicamente correto do que propriamente educado ou simpático. Nao sei o motivo de tanta cortesia, mas só posso apreciar esse tipo de comportamento, ué. Muito melhor que em Moscou, por exemplo, onde ninguém segura porta pesadona nem pra mulher com bebê de colo, e todos esbarram nos outros, sem jamais pedir desculpas! E no Brasil? Se é pra generalizar,vou dizer que brasileiro é mais simpático que educado.
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