Selic: A primeira cedência de Dilma?
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Selic: A primeira cedência de Dilma?


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Por Altamiro Borges

Num lance que surpreendeu o próprio “deus-mercado”, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (29) elevar a taxa básica de juros de 11% para 11,25%. A medida ortodoxa, que emperra o crescimento da economia e estimula a especulação financeira, foi tomada três dias após a vitória de Dilma Rousseff no segundo turno. A elevação da Selic visaria, segundo a mídia rentista, acalmar o “inquieto mercado”, que promoveu intenso terrorismo econômico nos últimos meses com o objetivo de interferir na sucessão presidencial. Dos oito integrantes do “seleto” Copom, cinco votaram pelo aumento dos juros – inclusive o presidente do BC, Alexandre Tombini.

Segundo o colunista Valdo Cruz, que não economiza veneno contra o governo em seus artigos na Folha, “durante a sua campanha, a presidente buscou associar seu adversário Aécio Neves (PSDB) a uma política de juros altos contra a inflação. Em um discurso, ela disse que o PSDB ‘sempre plantou dificuldades para colher juros’. O aperto monetário três dias após a reeleição é uma tentativa de reconquistar a credibilidade da política de combate à inflação. Nessa linha, a equipe econômica deve anunciar na próxima semana um pacote fiscal, com redução de gastos e aumento de receitas, para reverter a piora das contas públicas, hoje no vermelho”. Não é para menos que os agiotas, antes baqueados com os resultados do segundo turno, já estão novamente em festa.

Para Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-ministro de FHC e sócio da consultoria Quest, o Banco Central elevou a Selic para reatar os laços com o setor privado. “Dilma foi eleita por causa do desemprego baixo. Mas, se o crescimento não voltar, ele vai aumentar. E, para botar a economia para crescer, é preciso buscar uma política econômica que o setor privado considere necessária para investir. Dilma está dizendo ganhei com um discurso e vou governar com outro”, festeja o representante do capital financeiro. No mesmo rumo, Maurício Molan, economista-chefe do Santander, elogiou a decisão do Copom. “Há um esforço para gerar um choque favorável de expectativas”.

Desde abril, o Copom não elevava a Selic, temendo seus efeitos destrutivos na economia, com a queda na geração de emprego e a retração do consumo. A surpreendente decisão desta quarta-feira evidencia que as eleições acabaram, mas que os rentistas continuam com forte poder de pressão sobre as tais “autoridades econômicas”. Os banqueiros perderam nas urnas, mas não desistiram do embate político. Na maior caradura, até o presidente do Itaú – que fez campanha aberta para Marina Silva e, no segundo, para o cambaleante tucano – já disse que “será um parceiro de Dilma”, mas apresentou sua lista de exigências. Os rentistas não elegeram a presidenta e agora querem impor o ministro da Fazenda.

A decisão do Copom confirma que sem a pressão permanente e unitária das ruas, dos movimentos sociais, o novo governo poderá virar refém do poderoso “deus-mercado”, cedendo às suas exigências. A festa da vitória acabou; agora é intensificar a pressão!

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