Geral
Sozinho na parada - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 09/10
Não importam agora as razões pelas quais o Banco Central repentinamente entendeu que as despesas excessivas do governo deixassem de ser causa de inflação "em horizonte relevante para a política monetária". Importa agora o fato de que o Banco Central não espera mais contar com a colaboração da política fiscal (aumento de receitas e contenção de despesas) para atacar a inflação.
Se as palavras têm significado e consequência, como advertia nos anos 60 o senador gaúcho Brochado da Rocha, segue-se que, em caso de puxada da inflação, o único antídoto à disposição do Banco Central é o aumento dos juros básicos (Selic), mesmo que seja necessário perfurar o teto dos dois dígitos, tabu do governo Dilma.
Não será o único fator a pressionar os integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) na reunião que teve ontem sua primeira parte e que terminará hoje, com o objetivo de rever os juros.
Desde sábado, o ingrediente político do bolo de rolo monetário ficou mais importante com a adesão da ex-senadora Marina Silva à pré-candidatura de oposição à Presidência da República do atual governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Se um recado relevante foi passado à presidente Dilma pelos protestos de junho, foi o de que seu governo fora complacente demais com a inflação. Deixou que a alta de preços esmerilhasse o poder aquisitivo do trabalhador a ponto de um reajuste de 20 centavos na tarifa de transporte coletivo urbano (no caso de São Paulo) fizesse diferença no orçamento e o levasse à mobilização. Ou seja, se antes da organização da oposição à candidatura Dilma a um segundo mandato, o combate à inflação exigia mais empenho, mais ainda exigirá agora. Será corrosivo potencialmente forte para a candidatura Dilma se esse flanco exposto for explorado com eficiência pela oposição.
Embora variáveis eleitorais não sejam formalmente discutidas no Copom, o Banco Central sabe agora que está sozinho na parada do contra-ataque à inflação. Mais, que será mais especialmente cobrado a partir de agora.
Embora seus documentos de gerenciamento de expectativas venham dizendo que a inflação continua espalhada e resistente, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, tem repetido que não espera estocadas que exijam redução do volume de moeda na economia maior do que a já encomendada. A principal ameaça ele não controla. Provém da falta de colaboração da política fiscal, como ficou dito acima. Foi este, também, um dos fatores que levaram na semana passada a agência Moody's de avaliação de risco a justificar a ameaça de rebaixamento da dívida pública brasileira.
Por enquanto não se espera nenhuma surpresa dos juros básicos. O Copom deverá puxá-los hoje em mais meio ponto porcentual, para 9,5% ao ano. Continua no ar a pergunta sobre até que ponto, na última reunião do ano, em 26 de novembro, o Copom estará disposto a limitar o aumento dos juros a 0,25 ponto porcentual, apenas para evitar os juros de dois dígitos (a partir de 10% ao ano). O risco é o de que, se faltar neste ano, o resto do corretivo tenha de ser aplicado em hora imprópria, às vésperas das eleições.
-
Demais Da Conta - Celso Ming
O ESTADO DE S. PAULO - 11/01 Espere que alguém no governo Dilma ainda diga que, para os padrões brasileiros, a inflação de 5,91% em 2013 não foi desastrosa e reafirme que desastroso é o pessimismo insuflado pelos analistas econômicos. Mas, desta...
-
Esqueçam O Que Escrevi - Celso Ming
O Estado de S.Paulo - 06/09 O Banco Central parece ter-se encolhido às lambadas recebidas da área econômica do governo. Depois de passar meses denunciando "o balanço do setor público em posição expansionista", ou seja, denunciando as despesas excessivas...
-
A Inflação Perde Força - Celso Ming
O Estado de S.Paulo - 20/07 A inflação deu sinais fortes de desaceleração. A evolução do Índice de Preços ao Consumidor Amplo do dia 15 (IPCA-15), divulgado ontem, mostrou perda de força nos preços, fator que pode dar algum alento à combalida...
-
Em Busca De Credibilidade - Celso Ming
O Estado de S.Paulo - 10/07 Hoje o Banco Central retomará quase sozinho seu contra-ataque à inflação. A reunião do Copom deverá elevar os juros, provavelmente em mais meio ponto porcentual, para 8,5% ao ano. É um esforço cada vez maior da política...
-
Agora, A Tempestividade - Celso Ming
O Estado de S.Paulo - 29/05 Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúnem hoje para rever os juros, bem menos confiantes do que estavam no início deste ano. Em meados de 2012, o Banco Central via a inflação como...
Geral