CRÍTICA: 13 HOMENS E UM NOVO SEGREDO / Ladrão que rouba ladrão
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CRÍTICA: 13 HOMENS E UM NOVO SEGREDO / Ladrão que rouba ladrão


Gostei bem mais de “13 Homens e um Novo Segredo” que do primeiro, “11 Homens e um Segredo que Ninguém se Lembra Mais” e, principalmente, que o segundo, “12 Homens e Qual é o Segredo de Usar George Clooney e Brad Pitt pra Ganhar Dinheiro?”, que era uma porcaria sem fim (nunca aturei a Julia Roberts se intrometendo no meu romance com o George). Até comentei com o maridão de que a concepção geral de que a terceira parte é sempre pior tem algumas exceções honrosas, como é o caso de “Treze”, de “Shrek”, e de “Jogos Mortais”. Mas aí o maridão mencionou “Indiana Jones”, “De Volta para o Futuro” e “O Poderoso Chefão”, e foi covardia.

Por falar em “Chefão”, “13” traz várias referências a esse clássico. Porém, ando tão mal das pernas que nem reconheci a piadinha do Elliot Gould citando o diálogo do Marlon Brando: “Ninguém me conta nada, sei-lá-quem tá deprimido, Zé Mané não pára de chorar. Me diga o que está acontecendo”. Mas o pior, pior mesmo, foi passar o filme inteiro achando que fizeram um bom trabalho em envelhecer a Cameron Diaz. Não era a Cameron, era a Ellen Barkin! Vai ser fácil reconhecê-la: ela é a única mulher do filme (lembra dela em “Vítimas de uma Paixão”? Lá ela tinha cenas calientes com o Al Pacino).

Não dá pra negar que haja um excesso de personagens e de tramas, o que resulta no desperdício do George e do Brad (se bem que o chiste com o George sobre tentar não engordar entre um golpe e outro, numa referência ao peso que ganhou pra fazer “Syriana”, já vale o ingresso). Pelo menos o Matt Damon aparece bastante e o Andy Garcia tem algum destaque, embora quem controle o filme seja o Al, com aquele cabelo acaju. Além do mais, qualquer produção que tenha o ótimo Don Cheadle (“Hotel Ruanda”) como ator coadjuvante tem um grande elenco. Outros figurantes que se saem bem incluem o Carl Reiner como o crítico imposto e o David Paymer como o crítico de cassinos. Eu, como crítica de cinema, me identifiquei com ele. Como sofre o coitado! (o David é um coadjuvante que sempre chama a atenção. E o Carl é diretor do fofo “Um Espírito Baixou em Mim”). Mas tem tanta coisa complicada acontecendo que chega uma hora que a gente desliga o cérebro e tenta apenas se divertir, sem acompanhar a história. Por exemplo, no começo da aventura o George compra um gerente do cassino. Ele é usado pra alguma coisa? E o celular de ouro do Al, dá em samba? E não pode ser tão fácil assim provocar um terremoto nos EUA. Imagina alguém cavar um túnel embaixo de um cassino com a mesma máquina usada pra fazer o Eurotúnel, sem nenhuma interferência das autoridades. Da próxima vez que terroristas quiserem derrubar um Torres Gêmeas da vida, taí uma boa idéia.

Em compensação, é uma gracinha que precisem criar um desastre natural para que o pessoal saia do cassino após faturar, porque senão eles ficam lá até perder tudo. Essa é uma verdade absoluta: cassinos nunca perdem. A gente já sabe disso, não gosta deles, e acha legal que carinhas calmos e lindos se reúnam para assaltá-los. Estive uma ou outra vez em cassinos no Uruguai, só que nunca joguei nada, porque a compra mínima de fichas era algo como 20 dólares, o que achei caro demais. Então só fiquei vendo, e não tinha muita graça. Além do mais, os seguranças não tiram os olhos da gente. Todo mundo é suspeito pra eles. Eu odeio ser tratada como suspeita por um negócio em que só os donos ganham e que convive com acusações diárias de lavagem de dinheiro.

Há outras piadas boas. A gag sobre o México é triste, mas verdadeira. A greve numa fábrica mexicana só é encerrada quando os trabalhadores recebem um aumento de 36 mil dólares. O George ouve isso e rapidamente calcula, “36 mil vezes 200 trabalhadores, dá 7 milhões”. Daí alguém lhe avisa que não é 36 mil por cabeça, é 36 mil no total. É de um cinismo atroz mostrar os bonitões chorando por causa de crianças órfãs enquanto bolam um plano de meio bilhão de dólares. Também é meio estranho que “13” carregue um ar de nostalgia, com direito a saudades do Frank Sinatra e da velha Vegas, e faça uma defesa explícita do charme contra o progresso – isso tudo vindo de um meio que é só tecnologia. Enfim, amanhã não vou me lembrar do filme, mas foi bom enquanto durou.





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