CRÍTICA: EXTERMÍNIO / O mundo acabou: Vamos gozar outra vez
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CRÍTICA: EXTERMÍNIO / O mundo acabou: Vamos gozar outra vez


Confesso que adoro histórias sobre epidemias e fim do mundo. Por isso, fui ver “Extermínio” com vontade. E o filme não é ruim, só que deixa tanto a desejar que chega a ser triste. Hora do resuminho: um grupo de defensores dos animais provoca o apocalipse ao liberar macacos infectados. 28 dias depois – título original do filme –, a Inglaterra está um caos, sua população foi dizimada e um bando de zumbis que não são zumbis, apenas se parecem muito com eles, atacam os poucos sobreviventes. Mas tudo bem porque, pra economizar na maquiagem e nos efeitos especiais, em todo filme de zumbis, múmias e afins, os mortos-vivos só saem à noite. Ou seja, você não vai ver grande coisa. Além do mais, o cinematografista usa vídeo digital e é do Dogma, aquele movimento holandês que prega que iluminação artificial e câmera que não treme não estão com nada. Agora, responda rápido: como saber se um filme é independente? Ué, se tem close de sujeito vomitando, é. E se o filme é inglês, tem homem pelado. Pode parecer preconceito meu, mas não é. São dois itens obrigatórios que devem estar nos manuais internos deles (cá entre nós, nada contra o segundo item).

Esse negócio de defensores dos animais serem os vilões cheira à vingança do Danny Boyle, diretor dos estonteantes “Cova Rasa” e “Trainspotting”, contra os ambientalistas que chiaram pelo que ele fez com uma ilha na Tailândia no desastre ecológico que foi “A Praia”. Mas, apesar de ser fascinante ver Londres vazia, “Extermínio” não é nem assustador nem original. Qualquer um que tenha prestigiado a trilogia do George Romero, iniciada em 68 com “A Noite dos Mortos-Vivos”, entende o que eu tô dizendo. Sem falar que vários episódios televisivos de “Além da Imaginação” trataram do tema. Isso é o maridão que revela, já que eu não sou dessa época (num dos episódios, o mundo acaba e um homem que adora ler fica sozinho numa biblioteca. Tudo vai bem até que seus óculos quebram. Isso é melhor que zumbis!).

A vantagem de Londres vazia é que o Tony Blair é finalmente defenestrado. A desvantagem é que falta água e luz. Um quarteto de sobreviventes tenta ir pra Manchester, onde um grupinho de nove militares resiste. Não compreendo por que eles demoram tanto pra pegar um dos mil carros largados na rua, e, por um bom tempo, preferem andar. São da geração saúde? Por sinal, a única cena assustadora de toda a produção aparece logo no começo, quando o alarme de um carro dispara. Aproveite. Ah, tem também a cena mais chocante, referente a um energúmeno que entra sozinho numa lanchonete escura e abandonada num posto de gasolina pra comer um x-burger. Nesse momento, o maridão me confidenciou: “Escolheram os caras errados pra sobreviverem”. Eu respondi: “O que você quer? Eles são ingleses!”. De fato, com este horror os britânicos provam que não são muito mais evoluídos que os americanos. E a cena mais legal, ou pelo menos uma das pouquíssimas cenas onde os cineastas se puseram no nosso lugar, mostra a gangue pegando tudo que quiser num supermercado, incluindo aí chocolate. Porém, como todas as outras cenas, infelizmente esta também não dá em nada. Fica só na boa intenção.

O pior, pior de verdade é que mesmo “Extermínio” sendo alternativo e moderno (cheio de música para zumbis, por exemplo), ele ainda é ultra-conservador. Quer dizer, o que você espera que as duas únicas moças da história falem ao descobrir que os homens querem fazer sexo com elas? Façam fila, por favor? Errou: elas continuam achando a monogamia um valor decente. Pô, a civilização acabou, suas antas! Por algum motivo, elas entram em pânico e decidem que vale a pena matar e morrer pra defender sua honra. Imagina se eu sou a última mulher do mundo, posso comer todo chocolate que quiser e serei protegida e venerada não por um, mas por dez garanhões? Sei não, não me parece um prospecto tão terrível. E lá tem água quente e lençóis limpos! Claro que eu sou assim, altruísta, ao contrário das sobreviventes do filme. Faria qualquer coisa pra perpetuar a espécie. Até sexo.





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