CRÍTICA: O ÚLTIMO SAMURAI / Os últimos serão os últimos
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CRÍTICA: O ÚLTIMO SAMURAI / Os últimos serão os últimos


“O Último Samurai” já começa falando de honra. Parece que honra é uma palavra-chave quando se menciona guerreiros, e, sinceramente, você consegue pensar numa palavra mais careta? Honra é um termo tão, sei lá, masculino. Sou só eu ou esse negócio de matar e morrer pela honra não me diz absolutamente nada? Por essa lógica já dá pra notar que, sinto muito, eu não tenho muito respeito pela arte milenar dos samurais, ninjas e afins. O filme deixa claro que espadas não têm chances contra metralhadoras. Isso é verdade, mas eu gostaria de viver num mundo sem nenhum dos dois. Mas o que eu sei? Eu sou apenas uma mulher. Não me ensinaram a digladiar desde criancinha.

Não é que eu não tenha gostado desta superprodução com um bilhão de figurantes. Até gostei. A mensagem é politicamente correta, lembra “Dança com Lobos” (e também “Lawrence da Arábia” e até “Furyo – Em Nome da Honra”, olha a palavrinha ingrata aí de novo). O diretor Edward Zwick é tarado por épicos, como a gente viu em “Tempo de Glória” e “Lendas da Paixão”. E, ao contrário de “Senhor dos Anéis” (qualquer um da trilogia, imagino), o filme se posiciona claramente contra o imperialismo americano. E tem uma hora em que o deslumbrante, lindo-mesmo-barbudo Tom Cruise fala mal do General Custer. Mas o filme me soou longo demais. Parece que eles optaram por contar toda a saga dos samurais e mais um pouquinho da Guerra Civil Americana. Ou a cadeira tava desconfortável, ou eu me cansei fácil.

Ah, a história? O Tom é um capitão desiludido que, em 1870 e lá vai pedrinha, é mandado pro Japão pra ensinar tropas japonesas a combater uns samurais. Ele é capturado por eles e, em pouco tempo, se torna um guerreiro tão imponente quanto o bam-bam-bam dos samurais (interpretado por um tal de Ken Watanabe, um carinha que corre o risco de ser indicado ao Oscar de ator coadjuvante). Bom, estou sendo injusta, é claro que o Tom sofre um bocado no processo, mas o filme dá a entender que até eu, se quisesse, poderia virar uma samuraia de primeira. Até que “Último” tem um bom ritmo, se bem que no fundo, no fundo, a verdadeira tensão da trama está em saber quanto tempo a única mulher do filme resistirá aos encantos do Tom. Digamos que ela bate alguns recordes de resistência, o que é totalmente inverossímil. Mais ou menos parafraseando a loirinha de “Jerry Maguire”, eu afirmaria que qualquer mulher, de qualquer nacionalidade, se renderia ao Tom depois do primeiro “oi”. Mais inverossímil que isso, só o final, final mesmo. Quer dizer... Não, há um terceiro final depois. Será que Hollywood enche os filmes de finais felizes só pra confundir a cabeça dos críticos? Bom, há um sub-final onde eu, manteiguinha derretida que sou, chorei. Mas logo veio o outro final que me irritou profundamente, e um terceiro que quase me fez pegar a pipoca do vizinho e jogá-la na tela.

As cenas de batalha são bárbaras, mas dizer isso de uma produção milionária é chover no molhado, é como dizer que o Tom tá em ótima forma aos 40 anos. Sabe, eles vivem disso. O que mais se pode esperar deles, fora que o Tom finalmente pegue o telefone e ligue pra mim? Voltando às sequências de guerra, dizem que elas não foram filmadas no Japão, mas na terra dos hobbits, a Nova Zelândia. É óbvio que eu me envolvi muito com as tais cenas, tanto que fiz uma eleição mental e decidi que a pior criatura pra se ser no meio de uma batalha é um cavalo. Pior que o homem, porque cavalo certamente não acredita nessas ladainhas de honra e não vê motivo pra morrer lutando.





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