GUEST POST: DE MENDIGO A SOLDADO
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GUEST POST: DE MENDIGO A SOLDADO


O A. me enviou seu relato (depois de publicado o post, um comentarista avisou que o post é trollagem inspirada na vida de Hitler antes dos 30 anos; a trollagem foi bem feita e não costumo deletar posts):

Acompanho seu blog faz algum tempo, e te admiro muito pelo seu trabalho dentro do feminismo. Eu sinto uma profunda simpatia pela causa feminista. Gostaria de relatar uma faceta do machismo que é despercebida pelas pessoas. Tenho sofrido um bocado por isto, mesmo tendo nascido homem.
Desde de que me entendo por gente, sempre gostei de pintar. Amo pintar paisagens,  como fazendas,  prédios, e cidades. Queria virar pintor, mas meu pai me dizia que isto “era coisa de menina”. Colocou-me em uma escola técnica, pois isso sim era “serviço de homem”. Ele esperava que me tornasse um funcionário público, assim como ele foi.
Meu pai sempre foi um machista ridículo que humilhava minha mãe, a mim e meu irmão. Tratava  todos como capacho, e era um deus nos acuda nos dias que estava de mau humor ou bêbado (ou às vezes, os dois). Minha vida em casa foi uma luta diária, onde meu pai era o inimigo de toda a família.  Meu irmão mais novo brigou feio com meu pai aos 14 anos. Fugiu de casa, e desde então nunca mais o vi.
Minha mãe foi a única que realmente cuidava da gente e me dava a motivação para continuar pintando. Meu pai, no entanto, tentava me impedir de seguir meu sonho de me tornar um artista. Fiz tudo o possível para ir mal na escola técnica que ele me colocou, para que visse que não adiantaria me separar da minha paixão pelas artes.
O começo da minha adolescência foi um inferno nas mãos do meu pai, mas que acabou subitamente quando ele faleceu de uma hemorragia no pulmão. Apesar de me sentir triste pela morte dele na época, entendi que estava livre para conquistar o mundo com minhas pinturas. Saí da escola técnica.
Ao terminar o ensino médio, prestei vestibular em uma faculdade de belas artes. Estava confiante de que iria passar na prova prática, e fiz o melhor que pude no exame. Quando saiu o resultado, fiquei irritadíssimo ao saber que tinha sido reprovado.
Naqueles tempos, o estado de saúde de minha mãe estava cada vez mais grave. Ela sofria de câncer e eu não pude tratar da doença dela, pois os bicos que eu fazia mal conseguiam pagar as contas de casa. Até que, quatro dias antes do Natal, ela faleceu, me deixando sozinho no mundo. Foi o momento mais triste da minha vida.
Sem dinheiro, me mudei para um apartamento com um amigo. Costumava andar pela cidade, e discutir com ele minhas ideias para pinturas, reformas na cidade, política, sobre tudo, até tarde da noite. Eu era tão inspirado naqueles tempos, que sempre quando começava uma ideia, outra melhor tomava forma dentro da minha cabeça. Prestamos vestibular juntos (ele prestou para música, eu prestei para artes visuais mais uma vez), só que só ele conseguiu passar. Foi chato ficar de fora, com meu amigo entrando na faculdade e eu só ficando gradualmente mais pobre.
Tive de me mudar para um quartinho em outra casa, sozinho. Meu amigo foi chamado pelo alistamento militar e acabei perdendo contato com ele. Daí em diante, minha vida desandou de vez, porque não conseguia emprego, até que fiquei sem um tostão no bolso. 
Vendi tudo o que me tinha sobrado, e ainda assim isso não me impediu de acabar dormindo na praça. Virei mendigo. Acho que fiquei pouco menos de um ano nessa vida, e quase morri de fome. Foi horrível, ficar dependendo de esmolas para sobreviver. Você começa a dar valor  de verdade para sua comida, para seu teto, saber que você pode sucumbir a qualquer doença e morrer ali mesmo. De sonhador, me tornei um rapaz rígido e severo demais, por causa daquele tempo vivido nas ruas.
Minha vida só foi melhorar quando fui para um abrigo para sem-tetos na cidade. Costumava comer num convento que havia lá perto, onde tinha umas freiras que me davam o que comer, a troco de nada. Comecei a vender alguns quadros (eu via paisagens em fotos e as copiava), e com os trocados que eu ganhava pude morar numa pequena casa junto com outros como eu. Um homem que morava comigo naquela casa me ajudava a vender os quadros, fazendo a entrega em lojas de decoração. Esse acordo ia bem, até eu descobrir que ele roubava meu dinheiro. Chegamos a brigar feio, chamei a policia por causa dele, e ele até foi preso por alguns dias.
Como eu amo meu país, decidi entrar no exercito. Acho que a melhor forma que eu poderia encontrar para ajudar a Pátria é aqui dentro do exército. Sinto-me acolhido pelas pessoas da instituição. É claro, eu destoo um pouco dos outros soldados, que vivem falando sobre garotas. Eu vivo falando de política, e eu sempre tive muito respeito pelas moças, então não tenho muito o que conversar com eles.
Talvez, quando estiver velho demais para ficar aqui no exército, eu possa virar político,  e aí posso também ajudar a combater o machismo, que tanto atrapalha a vida de tantas pessoas neste mundinho. Ainda quero ser artista, mas meu sonho ainda vai demorar para se realizar.
No final, somos igualmente oprimidos. Eu queria ser um artista, porém, tudo conspirou para que eu não pudesse seguir meu sonho. Se meu pai não fosse tão retrógrado, tão machista, tão bárbaro, quem sabe como minha vida poderia ter sido?




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