TAPETE VERMELHO NA VISITA AO JORNAL
Dia desses, fui ao jornal falar com o Diretor de Redação, pedir salário, ou melhor, aumento de salário, insalubridade, essas coisas. Imagino que exista uma certa etiqueta pra se conversar com o Diretor de Redação, mas ninguém me disse qual era, então já fui entrando e cantarolando: "E aí, Meneghim?! Firmeza?". Foi a segunda vez que o vi na vida, e ele foi super simpático, como da outra vez. Espero que não tenha sido a última, depois dessas linhas.
Como envio meus textos via email e compareço pouquíssimo ao jornal, toda vez que apareço é aquela comoção. O pessoal solta rojão, pendura faixas clamando "Lolinha, abandone sua profissão de professora de inglês e fique aqui!", faz fila pra me dar beijinhos... Hi hi hi, essa foi boa! Digamos que alguns até tiram os olhos do computador quando entro.
Não, agora é sério: todos me tratam muito bem quando apareço, sem exceção. São uns fofos. Mas sugiro que adotem o padrão Michele, que é assim: "Aaahhhh! Você é a Lola?!" (joga-se no chão) "Adoro você! Sou sua maior fã!" (recompõe-se, chama outros funcionários) "Essa é a Lola, gente!" (me abraça) "Me dá seu autógrafo?" (mais abraços). Isso tudo aconteceu da última vez que fui ao jornal e, apesar do Hilton Görresen me contar que a Michele diz isso a todos, mudando os nomes, é claro, ela ainda mora no meu coração.
Nesta minha visita mais recente, quem estava na recepção era a Leila, também um doce, se bem que ela deixou a desejar no quesito "pedir autógrafo". Quando eu estava indo embora, ela comentou com uma outra recepcionista presente: "Ela é a Lola, sabe?". E a outra fez cara de que nunca me viu mais gorda. Quer dizer, a moça é educada, então imagino que ela deve ter pensado algo não-alusivo ao meu peso. A Leila pediu pra mim: "Escreve sobre a gente". E eu, solícita: "O que você quer que eu escreva?". Leila: "Ah, diz que a gente é legal! Diz que a gente é palhaça!". Mas a outra moça não se conteve e interveio: "Palhaça, não! Recepcionista!".