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O Primeiro Bullying a Gente Nunca Esquece: (blogagem coletiva)
Antes de mais nada, preciso dizer que eu detesto matemática. Na verdade, eu não consigo entender matemática, consigo me virar o suficiente para não ser enganada no troco e nem enganar ninguém na mesma situação.
Para vocês verem o nível da minha relação complicada com matermática, no meu primeiro vestibular, embora tenha tirada notas fantásticas em física, química e biologia, zerei matemática! E alguns concursos públicos feitos ao longo da vida, também tiveram essa característica, a matemática me detonou.
O meu problema com matemática é resultado direto de um trauma vivido na infância e que, apesar de ter feito terapia durante anos, não consegui, ainda resolver de maneira adequada.
Mas, o que tem a ver matemática com bullying? Nada. Ou melhor, para a maioria das pessoas, nada, mas para mim, matemática e bullying vão andar a vida toda de mãos dadas. Explico:
O meu primeiro bulliyng se deu na década de 70, quando eu tinha entre 8 e 9 anos e, embora eu fosse uma criança esquálida e portadora de óculos, não foram meus amigos da escola que me deram esse prazer, mas sim um professora, da qual o nome desapareceu da minha mente, desde então, mas sou capaz de fechar os olhos e lembrar com detalhes da sua fisionomia fechada, quase raivosa. E, é claro, ela era professora de matemática.
Lembro também dos seus gritos, que eram altos e constantes, principalmente quando se destinavam aos alunos “esquisitos” - ah, para esses, e eu me incluía nesse rol, ela dedicava os melhores berros, ao pé-do-ouvido, e as ofensas mais contundentes: não tinha uma aula que ela não dissesse que eu nunca seria nada na vida. Ou que gritando, mandasse toda a turma olhar aquela idiota que não conseguia entender aquele exercício tão simples. De vez em quando, eu escapava e era outro o alvo dessa selvageria.
E ela tinha uma régua, grande, de plástico duro, com a qual ela costumava bater em nossas carteiras, fazendo um estrondo e assustando todo mundo. Daí teve um dia, onde ela estava particularmente pior, que ela usou a régua, não para bater em minha carteira, mas na parte detrás da minha cabeça, o susto com a situação, fez com que eu quicasse a cabeça na carteira e abri um pequeno talho na testa. E ela riu, e ainda, autorizou a turma a rir junto com ela.
Eu nunca tinha falado dessa mulher para minha mãe. Afinal de contar, ela era a minha professora, e na década de 70, professores eram semideuses aos olhos dos alunos e de muitos pais. Como explicar que a professora estava me agredindo?
Fiz o que a maioria das vítimas de bullying fazem, calei tudo. Mas, aconteceu comigo o que acontece com a maioria das vítimas desse crime, fiquei retraída, não queria ir pro colégio no dia em que teria aula de matemática, chegava a ter febre nesses dias! E, claro, minhas notas despencaram. E eu que sempre tinha sido uma excelente aluna, estava para ser reprovada.
E, foi graças a esse sintoma, que minha mãe, quis entender o que estava acontecendo e fez o que todas as mães deveriam fazer ao se depararem com um quadro assim: veio conversar, por mais que achasse que eu nunca iria conseguir falar, contei tudo. De todas as coisas que aquela mulher me xingara, dos gritos e principalmente, que ela tinha me batido.
Minha mãe que era uma pessoa extremamente ocupada – trabalhava e estudava direto, passou os próximos dias depois da minha confissão, com um único objetivo, tirar a professora do colégio. E, ela conseguiu, pois apesar de ser um colégio público, onde professores problemáticos acabam nas secretárias administrativas, com essa mulher não aconteceu isso. Não sei ao certo o que aconteceu com ela, sei que nunca mais apareceu por lá. E eu ganhei outra professora de matemática. Não boa o suficiente para tirar o trauma que anterior me causara, infelizmente.
Quis contar essa experiência por que, a grande maioria das vezes que se fala em bullying, vem logo na mente um grupo de crianças marrentas cercando o gordinho da escola, ou um grupo de adolescentes idiotas, cercando o nerd do colégio.
Mas, é importante destacar que o bullying, não se dá apenas de uma maneira, e principalmente que existem vários tipos e que nem sempre é fácil reconhecer que se está sendo vítima de uma agressão, seja ela verbal ou física.
Por que embora o termo bullying seja uma novidade aqui nessas terras tropicais, a agressividade que o caracteriza, esse vem de longe, muito antes da gente entender o que é.
E agradeço a iniciativa da Vanessa ao fomentar essa discussão, por que a verdade é que, o bullying sempre vai existir, a menos que a gente não se cale mais, e denuncie sempre! Seja você a vítima ou a testemunha de um.
No Blog Mãe é Tudo Igual - da Vanessa, a lista de links de outros blogueiros que também falaram sobre o tema.
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