A heroína é a Naomi Watts (indicada ao Oscar por "21 Gramas"), agora na sua versão "no fundo do poço", tadinha. No primeiro a Naomi, uma jornalista, ameaça a vida de um editor por mexer no texto dela. Mas aqui ela mesma picota o editorial de um colega. E depois ainda tem a manha de lhe pedir ajuda, que consiste em usar a banheira do carinha pra inundar sua casa. E o sujeito topa numa boa. Mas o principal é o filho da Naomi. O menininho é realmente sinistro, desses de despertar nas mães o instinto de querer afogá-lo numa banheira. Só que ele já parecia bastante catatônico e problemático no original, antes de ser possuído pela cabeluda. Desta vez fiquei pensando em pôr meus talentos cupidísticos em ação e apresentá-lo pra garotinha difícil de "Amigo Oculto", sabe, pros dois se matarem mutuamente e deixarem o resto da humanidade em paz. E não foi apenas em mim que o guri provocou ojeriza. Não tente entender, mas renas também não gostam dele. Sim, eu disse renas. Assim: imagine os bichos que puxam o trenó do bom velhinho num filmeco de terror. Há uma cena que matou o público de rir em que uns cervos atacam um carro. O que a gente pode fazer com tamanha falta de lógica? Só torcer pra que o menininho tenha um relacionamento melhor com Bambis no futuro, ué. Ah, mais um momento risível que contagia os espectadores acontece quando um dos personagens faz um sanduíche de pílulas de dormir prum outro. No meio do pozinho do sonífero a pessoa coloca umas gotinhas de geléia. Isso que é sanduíche caprichado.
Chega uma hora em que a Sissy Spacek surge pra fazer uma ponta. Na realidade sua presença não deve ter outro propósito além de nos fazer recordar de como "Carrie" é um bom filme, mas, mesmo que tivesse, eu perdi alguma coisa. Só conseguia pensar em como que deixam uma paciente de hospício usar tesoura. E outra coadjuvante é a Elizabeth Perkins como psicóloga, num papel de grande empatia com o público (afinal, se houvesse uma injeção perto de mim durante a sessão, eu também me mataria). Nem sabia que a Elizabeth tava viva. Pensa só: ela fez "Quero Ser Grande", com o Tom Hanks. Daí o Tom segue carreira ganhando Oscars e a pobre Elizabeth, após um longo hiato, aparece manuseando injeções em terrorzinhos. Como a vida é injusta.
Devo dizer que o maridão gostou de "O Chamado 2". Isso porque ele não gosta de levar susto, e ficou feliz que o filmeco não prega susto algum. Mas qual o motivo de se fazer um terror que não assusta? Só se a verdadeira motivação desta produção for iniciar uma campanha pra que as empresas de seguro de carro incluam os ataques de cervos entre os possíveis sinistros. Aí tudo bem, se for por uma causa nobre...