GUEST POST: ALGUMAS INFLUÊNCIAS DO FEMINISMO NA MINHA VIDA
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GUEST POST: ALGUMAS INFLUÊNCIAS DO FEMINISMO NA MINHA VIDA


Relato da Larissa: 

Leio o seu blog há muito tempo, talvez uns 5 anos, e gostaria de compartilhar com você um pouco da minha história (porque indiretamente você faz parte dela).
Eu acho que sempre fui feminista, já nasci assim. Meu pai faleceu quando eu era bem novinha, então fui criada numa casa só com mulheres. Não fui criada para ser uma boa-moça-dona-de-casa, mas também não fui criada pra ser uma grande profissional. Eu meio que não fui criada pra nada (consigo ver pontos negativos e positivos nisso).
Mas foi quando comecei a ler seu blog que passei a entender melhor algumas coisas. Entendi, por exemplo, que cantada de rua não é elogio, é abuso. Essas cantadas sempre me incomodaram, mas todos me diziam que eu devia me sentir lisonjeada e eu me esforçava pra isso acontecer (em vão).
No ano passado eu tomei uma decisão: não ia mais deixar que ninguém abusasse de mim, nem que fosse da forma mais "inocente" possível. Se alguém mexe comigo na rua eu avalio os riscos que corro se eu responder. Se eu achar que tá tudo bem eu xingo, se eu achar perigoso, faço uma cara feia, levanto a cabeça, ponho os ombros pra trás e ando de forma bem segura. Aliás, costumo ter essa postura ao passar por lugares em que acho que vou ser assediada e isso já evita um certo transtorno. Procuro dar a impressão de que eu sou dona de mim e que ninguém tem o direito de me avaliar sem minha permissão. Ou ao menos de verbalizar essa avaliação, porque eu não controlo os pensamentos dos outros.
Há um ano e meio eu namoro um cara simplesmente fantástico, que me respeita e é meu principal incentivador. Nós conversamos sobre tudo, de futilidades ao sentido da vida e machismo/feminismo. E aí é que costumamos ter problemas porque, por mais que ele se esforce em compreender, ele é homem. Ele nunca teve uma história de horror, nunca recebeu cantada na rua, nunca foi beijado à força. Então ele não entende algumas coisas. 
E eu também não entendo o ponto de vista dele. Deve ser realmente horrível ser automaticamente condenado por coisas das quais ele nunca fez. Porque a gente faz isso, mesmo que inconscientemente. A gente considera todos os homens estupradores em potencial. Mesmo que muitos sejam, não são todos, e os que não são se sentem ofendidos. Acredito que se mostramos a eles, homens, o quanto as coisas são mais graves do que eles conseguem enxergar, eles podem nos compreender melhor e talvez lutar ao nosso lado. 
Ontem eu resolvi abrir boa parte da minha vida ao meu namorado. Contei como desde a menarca (eu tinha 9 anos) eu enfrento abusos e cantadas e perguntei a ele quais os tipos de preocupações que ele tinha na mesma idade. Imagino que a possibilidade se ser estuprado não seja uma delas. Contei tudo por e-mail, porque não tenho condições de falar sobre isso cara a cara. Fiz questão de enfatizar que não é só comigo que acontece e nem que foram casos isolados. Acontece com todo mundo, o tempo todo. Sem critério algum. 
Eu pretendo algum dia conseguir falar sobre tudo isso abertamente, pra qualquer pessoa. Porque nada do que já me aconteceu é culpa minha. A vergonha não deveria ser minha. Não sou eu quem deveria ter problemas em falar sobre o assunto. 
Acredito que ajudaria muito a todas nós se quebrássemos esse silêncio. Se disséssemos: "Sim, eu fui abusada e a culpa não é minha." Não é vergonha nenhuma. 
Não é algo que dependa de nós. E acho que o fato de ser tudo velado só dá força aos abusadores. Se ninguém sabe o que está acontecendo, como alguém pode nos ajudar? Se todo mundo acha que é uma bobeira, um elogio na rua, uma passadinha de mão inocente, como isso pode não acontecer? Quem deixaria de cometer esse "ato inocente" só porque uma feminista reclamona falou que é errado?




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